Em reunião encerrada na madrugada
desta quinta-feira, no Palácio do Jaburu, Michel Temer informou aos ministros
palacianos que pedirá ao Supremo Tribunal Federal que lhe dê acesso ao conteúdo
das delações do Grupo JBS. Quer saber em que condições foi citado e gravado
pelo empresário Joesley Batista. Participaram da conversa com o presidente os
ministros Eliseu Padilha (Casa Civil), Moreira Franco (Secretaira-Geral da Presidência),
Antonio Imbassahy (Relações Institucionais) e o líder do governo no Senado
Romero Jucá.
Horas antes, quando soube da notícia sobre o novo lote de delações, Temer
irritou-se. Cogitou convocar os repórteres para refutar as informações
veiculadas no Globopelo repórter
Lauro Jardim. Foi aconselhado a esperar até que tivesse acesso aos dados
armazenados no Supremo, sob a guarda do ministro Edson Fachin, relator da Lava
Jato. Avaliou-se que o momento, por delicado, não recomenda que o presidente
faça declarações das quais possa se arrepender. Optou-se pela divulgação de uma
nota oficial.
Temer reconheceu ter conversado com Joesley no Jaburu. Admitiu para seus
auxiliares que falaram sobre Eduardo Cunha. Nessa versão, o empresário apenas
teria informado ao presidente que decidira prestar socorro monetário à família
do ex-presidente da Câmara, preso em Curitiba. Temer disse não ter solicitado a
“compra” do silêncio de Cunha. Na versão de Joesley, o presidente da República
ouviu dele a revelação de que estaria pagando uma mesada a Cunha e ao doleiro
dele, Lucio Funaro, preso em Brasília. Em troca, a dupla se absteve de delatar.
Sem saber que estava sendo gravado, Temer estimulou: ''Tem que manter isso,
viu?''.
Joesley contou à Procuradoria-Geral da Repúclica que Temer lhe indicou o
amigo e deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) para resolver uma encrenca
relacionada à J&F, holding que controla a JBS. Depois, Loures foi filmado
pela Polícia Federal recebendo R$ 550 mil enviados pelo empresário. Temer disse
que não se recorda de ter indicado Loures para coisa nenhuma. E afirma não ter
conversado sobre dinheiro.
Antes de saber que a delação do JBS lhe explodiria sobre a cabeça, Temer
havia marcado audiências com 20 parlamentares nesta quinta-feira. Vai
recebê-los individualmente. Descartou a hipótese de alterar voluntariamente sua
rotina. (Via: Conteúdo Blog do Josias de Souza)
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