Após
nove dias de vasta programação no Pátio Ana das Carrancas, o São João de
Petrolina teve, na manhã deste domingo (25), a 76ª Missa do Vaqueiro. Realizada
às margens do Rio São Francisco, a cerimônia reuniu mais de 10 mil pessoas,
dentre elas, centenas de homens e mulheres do campo montados a cavalo, para
acompanhar um espetáculo de fé e exaltação da cultura sertaneja.
Trajados com gibão e chapéu de couro, os vaqueiros, antes da cerimônia
religiosa, saíram do Estádio Paulo Coelho em cavalgada pelas ruas de Petrolina.
A vaqueirama, que havia dormido a noite anterior no campo de futebol, percorreu
cerca de 5 km até a chegada no palco montado pela Prefeitura de Petrolina
próximo à orla do São Francisco.
Na chegada à beira do rio, o grupo foi recepcionado pelo padre-vaqueiro José
Guimarães e pelo coral Aboio de Serrita para a celebração religiosa. Durante
quase duas horas, os vaqueiros entoaram orações e canções tradicionais de Luiz
Gonzaga e outros ícones da cultura nordestina, pedindo por chuva e proteção
para familiares, amigos, para a roça e os animais da caatinga.
O ponto alto da celebração foi a bênção dos equipamentos carregados pelos
vaqueiros no dia a dia (alforje, espora, gibão, chapéu entre outros). Os
sertanejos montados a cavalo desfilaram à beira do palco para receberem a água
abençoada pelo padre Guimarães em um ato que emocionou o público na orla do São
Francisco. “Este é um ato de preservação da fé e da cultura dos sertanejos. Os
vaqueiros aguardam um ano inteiro para receber essa bênção divina e poder
voltar à labuta desgastante na caatinga”, explicou o padre Guimarães, que se
orgulha de ser criado em meio à cultura dos vaqueiros do interior de Petrolina.
Depois da cerimônia religiosa, a vaqueirama permaneceu na orla para
assistir ao show da dupla Sirano e Sirino e para entrega de homenagens. “É
preciso manter preservada essa tradição de quase cem anos e que envolve tanta
gente simples do interior. A Missa do Vaqueiro é um marco importante de nossa
cultura”, definiu o prefeito Miguel Coelho, que participou da cavalgada e da
cerimônia religiosa.
A Missa do Vaqueiro de Petrolina, segundo os mais antigos participantes,
foi iniciada em 1941 por conta de um acidente envolvendo um sertanejo ferido
por um pedaço pau durante uma cavalgada pela caatinga. A queda e o ferimento
profundo deixaram o vaqueiro chamado Timóteo em condições graves. Para auxiliar
na recuperação, amigos do sertanejo pediram uma missa ao padre Américo Soares.
O vaqueiro Timóteo conseguiu sobreviver e voltar a montar a cavalo pouco tempo
depois e, desde então, a cerimônia é realizada anualmente para pedir proteção a
toda vaqueirama de Petrolina.
Blog: O Povo com a Notícia