O
presidente Michel Temer afirmou em nota neste sábado (17) que pretende
processar o empresário e sócio do grupo J&F, Joesley Batista por ter
afirmado em entrevista à revista Época, que Temer lidera a "maior
organização criminosa do País".
No comunicado divulgado pelo presidente, ele afirma que
entrará com a ação civil e penal contra o empresário. Ele ainda diz que Joesley
propagou várias mentiras durante a entrevista à revista. "Ele diz que o
presidente sempre pede algo a ele nas conversas que tiveram. Não é do feitio do
presidente tal comportamento mendicante", diz o texto.
De acordo com a Folha de
São Paulo, o presidente acredita que o Ministério Público Federal pretende usar
as declarações de Joesley para "reconstruir" a base da denúncia que
será apresentada contra ele na semana que vem.
A nota ainda chama Joesley
de "bandido notório de maior sucesso na história brasileira" e afirma
que Joesley conseguiu enriquecer "com práticas pelas quais não
responderá". O presidente ainda afirma que tomará as medidas cabíveis contra
o empresário. "Suas mentiras serão comprovadas e será buscada a devida
reparação financeira pelos danos que causou, não somente à instituição
Presidência da República, mas ao Brasil", encerra a nota.
Entrevista de Joesley: O
empresário e sócio do grupo J&F também disse durante a entrevista para à
Época que o ex-presidente Lula "institucionalizou" a corrupção no
país, mas que não existiu nenhuma conversa não republicana com o petista.
Outro ponto abordado com à
revista foi o de que o ex-ministro-chefe da Secretaria de Governo, Geddel
Vieira Lima (PMDB-BA), trabalhava como o "mensageiro" responsável por
informar o presidente peemedebista sobre os pagamentos do sócio da J&F ao
ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que está preso em Curitiba.
Segundo
defende Joesley, Geddel o procurava a cada quinze dias para obter novidades
acerca da compra so silêncio de Cunha e repassar as informações para Temer.
Nota de Temer: Veja
na íntegra a nota do presidente Michel Temer sobre as acusações de Joesley
Batista durante a entrevista à revista Época:
Nota
à Imprensa
Em 2005, o Grupo JBS obteve seu primeiro financiamento no BNDES. Dois anos
depois, alcançou um faturamento de R$ 4 bilhões. Em 2016, o faturamento das
empresas da família Batista chegou a R$ 183 bilhões. Relação construída com
governos do passado, muito antes que o presidente Michel Temer chegasse ao
Palácio do Planalto. Toda essa história de "sucesso" é preservada nos
depoimentos e nas entrevistas do senhor Joesley Batista. Os reais parceiros de
sua trajetória de pilhagens, os verdadeiros contatos de seu submundo, as
conversas realmente comprometedoras com os sicários que o acompanhavam, os
grandes téntaculos da organização criminosa que ele ajudou a forjar ficam em
segundo plano, estrategicamente protegidos.
Ao
bater às portas do Palácio do Jaburu depois de 10 meses do governo Michel
Temer, o senhor Joesley Batista disse que não se encontrava havia mais de 10
meses com o presidente. Reclamou do Ministério da Fazenda, do CADE, da Receita
Federal, da Comissão de Valores Mobiliários, do Banco Central e do BNDES.
Tinha, segundo seu próprio relato, as portas fechadas na administração federal
para seus intentos. Qualquer pessoa pode ouvir a gravação da conversa na
internet para comprová-lo.
Em
relação ao BNDES, é preciso lembrar que o banco impediu, em outubro de 2016, a
transferência de domicílio fiscal do grupo para a Irlanda, um excelente negócio
para ele, mas péssimo para o contribuinte brasileiro. Por causa dessa decisão,
a família Batista teve substanciais perdas acionárias na bolsa de valores e
continuava ao alcance das autoridades brasileiras. Havia milhões de razões para
terem ódio do presidente e de seu governo.
Este
fim de semana, em entrevista à revista Época, esse senhor desfia mentiras em
série.
A maior prova das inverdades desse é a própria gravação que ele apresentou como
documento para conseguir o perdão da Justiça e do Ministério Público Federal
por crimes que somariam mais de 2000 mil anos de detenção. Em entrevista, ele
diz que o presidente sempre pede algo a ele nas conversas que tiveram. Não é do
feitio do presidente tal comportamento mendicante. Quando se encontraram, não
se ouve ou se registra nenhum pedido do presidente a ele. E, sim, o contrário.
Era Joesley quem queria resolver seus problemas no governo, e pede seguidamente.
Não foi atendido antes, muito menos depois.
Ao
delatar o presidente, em gravação que confesa alguns de seus pequenos delitos,
alcançou o perdão por todos seus crimes. Em seguida, cometeu ilegalidades em
série no mercado de câmbio brasileiro comprando um bilhão de dólares e jogando
contra o real, moeda que financiou seu enriquecimento. Vendeu ações em alta,
dando prejuízo aos acionistas que acreditaram nas suas empresas. Proporcionou
ao país um prejuízo estimado em quase R$ 300 bilhões logo após vazar o conteúdo
de sua delação para obter ganhos milionários com suas especulações.
Os
fatos elencados demonstram que o senhor Joesley Batista é o bandido notório de
maior sucesso na história brasileira. Conseguiu enriquecer com práticas pelas
quais não responderá e mantém hoje seu patrimônio no exterior com o aval da
Justiça. Imputa a outros os seus próprios crimes e preserva seus reais sócios.
Obtém perdão pelos seus delitos e ganha prazo de 300 meses para devolver o
dinheiro da corrupção que o tornou bilionário, e com juros subsidiados. Pagará,
anualmente, menos de um dia do faturamento de seu grupo para se livrar da
cadeia. O cidadão que renegociar os impostos com a Receita Federal, em situação
legítima e legal, não conseguirá metade desse prazo e pagará juros muito
maiores.
O
presidente tomará todas medidas cabíveis contra esse senhor. Na segunda-feira,
serão protocoladas ações civil e penal contra ele. Suas mentiras serão
comprovadas e será buscada a devida reparação financeira pelos danos que
causou, não somente à instituição Presidência da República, mas ao Brasil. O
governo não será impedido de apurar e responsabilizar o senhor Joesley Batista
por todos os crimes que praticou, antes e após a delação.
Secretaria
Especial de Comunicação Social
da Presidência da República
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