Com o objetivo de promover um
debate democrático e transparente em defesa do “Velho Chico” e contra a
privatização da Companhia Hidroelétrica do São Francisco (Chesf), o governador
Paulo Câmara reuniu, nesta segunda-feira (02), no Palácio do Campo da
Princesas, integrantes das Frentes Parlamentares do Congresso Nacional, da
Assembleia Legislativa de Pernambuco e de entidades que militam na defesa da
empresa. Durante o encontro, o chefe do Executivo fez alertas sobre o processo
e ponderou que, no momento que vive o País, o Governo Federal não pode aprovar
um procedimento tão importante sem o devido diálogo, entendimento e clareza de
como será feito e as potenciais consequências que podem atingir negativamente
os brasileiros.
“Até agora, o que não temos
dúvidas é que esse processo vai sim aumentar a conta de luz dos brasileiros e
fazer com que não tenhamos mais controle sobre a utilização do rio São
Francisco. Enviamos uma carta assinada pelos nove governadores do Nordeste,
protocolada no dia 5 de setembro, onde mostramos nossas preocupações e pedimos
diálogo. Até agora, não recebemos nenhuma resposta. E isso mostra claramente
que nossas preocupações estão corretas. E, por isso, a gente não pode baixar a
cabeça. Temos que mostrar ao Brasil os riscos que um processo como esse, da
forma que está sendo feito, de um setor tão importante e estratégico, pode
gerar para as futuras gerações de brasileiros nos próximos 30 anos”, destacou,
reforçando: “O que está se vendo muito claramente é a intenção de fazer essa
venda para tapar o rombo das contas públicas, e isso vai afetar a rede
econômica nos próximos anos com o aumento da conta de energia elétrica. E,
novamente, quem vai pagar é o povo”.
Presidente da Frente
Parlamentar Nacional em defesa da Chesf, o deputado Danilo Cabral, também
criticou a falta de diálogo do Governo Federal e pediu que seja dado à empresa
o mesmo tratamento dado em relação à Reserva Nacional de Cobre e Associados
(Renca). “O Governo recuou em relação à Renca porque viu que a sociedade estava
mobilizada a enfrentá-lo. Então, o mais importante, agora, é fazer essa
mobilização em defesa da Chesf e lutar pela preservação daquilo que é um
patrimônio dos nordestinos. Uma empresa que completa, em 2018, 70 anos de
história. E como já defendia o ex-governador Miguel Arraes, a Chesf é o maior e
o mais importante investimento público feito na história do Nordeste, que
induziu a chegada da cidadania através do acesso à energia e à água para 54
milhões de nordestinos. Não é a primeira vez que tentam privatizar a Chesf, e,
como já aconteceu, será a mobilização do povo que vai barrar essa
privatização”, disse.
O deputado ressaltou ainda que
uma reunião entre a Frente Defesa da Chesf com a nova procuradora-Geral da
República, Raquel Dodge, foi agendada para o próximo dia 19.
Também presente na discussão,
o vice-presidente da Frente Parlamentar Nacional em defesa da Chesf, senador
Humberto Costa, falou sobre a importância da audiência para a disseminação da
luta contra a privatização da companhia. “A Chesf é fundamental para ações no
campo social para muitas cidades do Nordeste, e todos nós sabemos que a causa
social não será prioridade, em termos de continuidade, para a gestão privada.
Sem falar no papel que a companhia desempenha na pesquisa e no desenvolvimento
cientifico e tecnológico. E esses projetos e pesquisas de energia alternativa,
são pontos estratégicos também para a nossa região. E, por tantos outros
motivos, não podemos abrir mão desse patrimônio, que é fruto do suor do povo
nordestino e do povo brasileiro”, ressaltou.
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