O comandante do Exército, general
Eduardo Villas Bôas, decidiu retirar o general Antonio Hamilton Mourão do posto
de secretário de Economia e Finanças da instituição e designá-lo para o cargo
de adido na Secretaria-Geral do Exército.
A decisão foi comunicada neste sábado (09) pelo Centro de Comunicação
Social do Exército. Na quinta-feira (07), Mourão se manifestou sobre intervenção
militar pela segunda vez em três meses, reafirmando a possibilidade de atuação
das Forças Armadas caso haja uma situação de "caos" no país.
Em setembro ele havia falado sobre a possibilidade de ocorrer intervenção
no Brasil se o Judiciário não conseguir resolver "o problema
político".
Desta vez, o oficial também criticou o governo Michel Temer, dizendo que
ele se equilibra mediante um "balcão de negócios".
Pela decisão do comandante, irá para o lugar de Mourão na secretaria o
general Luiz Eduardo Ramos Baptista Pereira, atualmente adido no Estado-Maior
do Exército.
O informe de Villas Bôas com a alteração, que deve ser distribuído a todos
os comandos, chefias e direções de organizações militares, vem um dia depois de
o Exército informar à Folha que as declarações emitidas por Mourão estavam
"sendo objeto de análise pelo Comando da Força".
Na palestra que fez esta semana no Clube do Exército, em Brasília, a
convite do grupo Ternuma (Terrorismo Nunca Mais), o militar disse que a
instituição poderia ter o papel de "elemento moderador e
pacificador", agindo "dentro da legalidade", se o "caos"
fosse instalado no país.
"E o que a gente chama de caos? Não houver mais um ordenamento
correto, as forças institucionais não se entenderem, terá que haver um elemento
moderador e pacificador nesse momento", afirmou.
Sobre a situação política, o general disse: "Não há dúvida que atualmente
nós estamos vivendo a famosa 'Sarneyzação'. Nosso atual presidente [Michel
Temer] vai aos trancos e barrancos, buscando se equilibrar, e, mediante o
balcão de negócios, chegar ao final de seu mandato".
Em setembro, ele já tinha criado polêmica na instituição ao falar sobre a
possibilidade de intervenção militar. Na época, o comandante Villas Bôas
afirmou que o subordinado não receberia punição pelas afirmações.
Segundo o Exército, Villas Bôas apresentará a proposta de movimentação do
oficial ao ministro da Defesa, Raul Jungmann, "para encaminhamento"
ao presidente Temer.
Se a alteração de função se confirmar, será a segunda vez que Mourão é
trocado de cargo depois de expressar posicionamentos políticos. Em 2015, ele
foi exonerado do Comando Militar do Sul, em Porto Alegre, e transferido para a
Secretaria de Economia e Finanças, em Brasília, após fazer críticas ao governo
de Dilma Rousseff.
No evento de que participou nesta semana, o militar disse que passará para
a reserva em 31 de março do ano que vem e que, depois disso, deverá morar no
Rio de Janeiro.
Diante de pedidos para se candidatar nas eleições de 2018, o oficial
respondeu: "Eu apenas digo uma coisa: não há portas fechadas na minha
vida".
Ele também fez várias críticas aos governos de Lula e de Dilma Rousseff
(ambos do PT) e falou que integrantes das Forças Armadas veem "com muito
bons olhos" a candidatura do deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) a
presidente da República. (Via: Folhapress)
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