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Revigorando
a produção local de poesia feminina e ocupando espaços públicos com arte, o Slam das
Minas de Pernambuco revelou um
talento para o resto do país. Depois de vencer a edição estadual da batalha de
poesia falada, chamada de slam, Isabella Puente, de 24 anos, conquistou, em São
Paulo, a versão nacional da competição. Agora, a mestranda em história pela Universidade
Federal de Pernambuco (UFPE) se prepara para representar o estado na França em
2018, onde artistas de todo o mundo competirão pelo título mundial.
Da última quinta-feira (14) até domingo (17), Isabella e poetas de
diversos lugares do Brasil se apresentaram no Sesc Pinheiros. A competição
consiste na performance de textos autorais de até três minutos, que podem
discorrer sobre temas variados, com inspiração na prática batizada de slam
poetry que surgiu na década de 1980 em Chicago, nos Estados Unidos, em um
movimento encabeçado por Marc Smith. Dentre temas como machismo, racismo, a
ideia de depredação do patrimônio público e o adoecimento psicológico de jovens
em decorrência da pressão da sociedade capitalistas, a pernambucana versou a
respeito do e a identidade nordestina, com destaque para o próprio
estado.
"Nordeste tem nove estados, nem vem dizer que não sabia. Sul e
Sudeste têm IDH foda, mas não tem aula de geografia. De onde eu venho, nós
'fala' 'oxe, eita carai, misericórdia, minha fia'. Ataque. Ator de novela
quando imita nosso sotaque. É que pra vocês, nós somos caricatura. Não importa
de onde eu venho, me chamam de "paraíba". Me respeita, boy. Sou da
terra de Capiba! Mestre Vitalino, Paulo Freire, Manoel Bandeira, brega, frevo,
coco de roda, maracatu, cultura popular pulsante!", recita Isabella em uma
das apresentações, que, postada pela irmã no Facebook, se tornou viral.
Ela explica que tem família carioca por parte de mãe e sempre sentiu na
pele o preconceito por ser nordestina. "Como boa pernambucana, sou
bairrista e comecei a refletir sobre questões que eu não via nos slams, que era
essa relação do Nordeste com o Sudeste. Minha família do Rio de Janeiro é pobre
e, mesmo sendo classe média no Recife, as pessoas de lá se sentiam melhores do
que a gente, nos chamando de 'paraíba'", reflete, citando que, todo o
Norte - cerca de 45,25% do território nacional - estava representado por apenas
uma pessoa, enquanto cinco paulistas competiam na disputa.
Com o título nacional, Isabella agora dividirá o tempo entre a
dissertação do mestrado e a observação da competição internacional, que ela
enfrentará em Paris em maio do ano que vem. Assim como ocorreu para a viagem a
São Paulo, deve receber apoio para custear a viagem. "Preciso estudar e ver
vídeos do que os artistas de outros países fazem por lá. "É uma felicidade
muito grande por todo o compromisso e dedicação, estou muito feliz por ser de
Pernambuco e do Nordeste", comemora. (Via: Conteúdo Diário de PE)
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