O possível adiamento para o
próximo ano da votação da reforma da Previdência causou uma confusão entre os
secretários do presidente Michel Temer. Em coletiva, o líder do governo no
Senado, o peemedebista Romero Jucá informou que a reforma "vai aguardar
mais alguns dias até ser votada" e avaliou que poderia ser em fevereiro -
depois do recesso que termina dia 2 - ou em janeiro "se houver
entendimento numa convocação extraordinária".
A trapalhada gerou oscilações da bolsa e do dólar, a Fitch, agência de
classificação de risco, avisou que, nesse cenário, rebaixará a nota de crédito
do Brasil, o que deve encarecer financiamentos e desestimular investimentos.
A declaração de Jucá irritou a cúpula do Palácio do Planalto. O ministro
da Casa Civil, Eliseu Padilha, escalou o líder do governo no Congresso, André
Moura (PSC), para tentar neutralizar a situação.
Depois do “anúncio” de Jucá, Moura afirmou que a orientação do Planalto é
para "seguir trabalhando" em busca de votos para iniciar o debate
nesta quinta-feira (14) e tentar votar na semana que vem. O ministro da
Fazenda, Henrique Meirelles, e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM),
também não gostaram da declaração de Jucá.
Segundo a coluna Painel, do jornal Folha, Jucá tentou acalmar o presidente
do Senado, Eunício Oliveira (PMDB), que queria votar o Orçamento do próximo ano
de qualquer jeito nesta semana, o que, na prática, sacramentaria o recesso.
Ainda segundo o jornal, sem conseguir chamar sessão do Congresso para aprovar o
Orçamento, Eunício foi flagrado pela Folha, na terça-feira (12), dizendo que
não “vota a Previdência porra nenhuma”.
A coluna detalha que Jucá disse a aliados ter tido aval da Casa Civil para
fazer o anúncio do adiamento da votação das novas regras para a aposentadoria.
O Planalto afirmou que, na reunião com ele, só se tratou sobre a votação do
Orçamento.
A Folha relata ainda que Temer, que estava no centro cirúrgico quando o
bate-cabeça aconteceu, ficou preocupado, e acionou Meirelles para desmentir
Jucá publicamente.
Em busca de aprovar a Previdência, segundo a Coluna do Estadão, o
governo tenta abrir um canal com a oposição por meio de governadores, que
prometem ajudar virando votos de deputados em troca de mais recursos. A
publicação revela que o presidente Temer vai participar do programa Silvio
Santos, que decidiu apoiar a proposta, para falar da reforma da Previdência. A
gravação acontece na sexta-feira (15).
Após a confusão, também de acordo com o Estadão, Meirelles conversou
por telefone com Jucá. Principal fiador da reforma, Meirelles foi diplomático.
Disse que Jucá deu uma “opinião”, que será levada em conta, mas não é a posição
oficial do governo.
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