A presidente do PT, Gleisi
Hoffmann (PR), afirmou neste domingo (03) que a consolidação de Luiz Inácio Lula
da Silva em primeiro lugar na corrida presidencial de 2018 se deve "aos
resultados de seu governo" e que os críticos ao ex-presidente migraram o
voto para Jair Bolsonaro (PSC) por considerá-lo o candidato "com mais
condições de vencer" o petista.
"As pessoas analisam o que elas já viveram e comparam. Elas tinham
renda e emprego, hoje voltou a pobreza e a miséria", disse Gleisi à Folha.
Para ela, Lula é a opção oposicionista ao governo de Michel Temer que tem
"a confiança do povo". "Se é para ser crítico ao atual governo,
melhor que seja alguém que já fez, que já governou", completa a senadora.
Pesquisa divulgada este fim de semana mostra que Lula fortaleceu sua
liderança e Bolsonaro está isolado em segundo lugar na disputa pelo Palácio do
Planalto.
"É importante deixar claro que Lula não tem unanimidade. Os
contrários ao Lula migram para Bolsonaro porque veem que ele é o candidato que
combate Lula que hoje tem mais condições de ganhar. Querem ser um eleitor
útil", argumenta a senadora.
De acordo com a pesquisa, Lula ganha em todos os cenários de segundo
turno. Ele ampliou em quatro pontos percentuais sua vantagem em relação ao
levantamento anterior, feito no fim de setembro, no confronto com Geraldo
Alckmin (PSDB) –52% a 30%–, Marina Silva (Rede) –48% a 35%–, e Bolsonaro, 51% a
33%.
A candidatura de Lula pode ser barrada se ele for condenado na segunda
instância da Lava Jato por corrupção -em julho, o juiz Sergio Moro sentenciou o
ex-presidente a nove anos e seis meses de prisão. Se a condenação for
confirmada, ele fica inelegível, mas pode recorrer da decisão.
O PT acredita que o ex-presidente poderá concorrer nesse cenário de
recurso a tribunais superior.
A presidente do PT disse ainda que não concorda com a avaliação de que há
uma polarização entre dois extremos, com Lula e Bolsonaro na ponta da disputa,
e que um nome de centro pode surgir para furar esse embate.
"Lula não é um extremista, ela já governou esse país. Me diga que ato
extremo ele já fez", afirma a petista.
Segundo ela, um candidato do governo, de centro-direita, ou até mesmo o
nome de Alckmin terá que "se consolidar com os números ruins", visto
que "a economia não melhorou e o povo está sentindo isso".
O Datafolha mostra que o brasileiro está preocupado com a economia e que a
aprovação do governo Temer ainda segue na casa dos 5%.
PLANALTO: Os principais auxiliares de Michel Temer admitem que ainda há uma
"sensação de mal estar" da população em relação à economia, mas
tentam minimizar a dificuldade do presidente em melhorar o desempenho de seu
governo.
Na avaliação de assessores de Temer, a melhora na economia – que pode ser a
alavanca para uma possível candidatura do governo em 2018– será sentida pelos
brasileiros nos três primeiros meses do ano que vem e, com isso, a popularidade
do presidente pode subir, acreditam esses auxiliares, pelo menos até a casa dos
10%.
Até lá, a estratégia do governo é continuar divulgando os dados da economia
que apontam queda da inflação e dos juros e também, mesmo que ainda tímida, dos
índices de desemprego.
O Palácio do Planalto acompanhou os dados divulgados pelo Datafolha em
relação à disputa presidencial do ano que vem com cautela.
Ministros dizem que, apesar da consolidação de Lula e Bolsonaro em
primeiro e segundo lugar, respectivamente, ainda há espaço para um nome de
centro "furar" a polarização entre ambos. Nas palavras de um auxiliar
do presidente, a disputa ainda está longe e "há muita gordura para
queimar".
ALCKMIN: O governador Geraldo Alckmin (PSDB), que tenta se colocar como a opção de
centro-direita, ainda não deslanchou – aparece com 7% ou 9% das intenções de
voto.
Diante desses dados, o Planalto acredita que é possível viabilizar um nome
apoiado por Temer e pelo chamado centrão para ocupar esse espaço. O ministro
Henrique Meirelles (Fazenda) é o mais cotado para o posto, mas aparece apenas
com 1% ou 2%.
Para o presidente interino do PSDB, Alberto Goldman, o percentual do
governador paulista é o mesmo que teria "qualquer nome do PSDB agora"
e os números mostram que a candidatura de Alckmin ainda tem que ser trabalhada.
Na simulação do Datafolha em que o nome de Alckmin é substituído pelo do
prefeito paulistano João Doria, que disputava a indicação tucana, o desempenho
é semelhante.
"Não é nada que entusiasme e nada que assuste", diz Goldman
sobre o resultado do Datafolha. "O Brasil ainda não sabe que ele [Alckmin]
é candidato, essa expressão é do percentual partidário do PSDB."
Goldman avalia que, além das intenções de voto em Lula e Bolsonaro, há uma
parcela do eleitorado que vota em um candidato de centro, que ainda não está
definido, e cujos cenários são mais perceptíveis nas simulações de segundo
turno.
Segundo ele, Alckmin será esse "candidato de um grupo grande do
centro que você percebe a existência quando faz o segundo turno".
Para o presidente tucano, a liderança de Lula já era esperada e faz parte
de um "patamar pessoal" que o ex-presidente tem e Bolsonaro
"capitalizou uma direita brasileira que sempre existiu e nunca teve por
onde se expressar", mas agora encontrou um canal por meio do deputado.
A reportagem procurou o deputado Jair Bolsonaro, por meio da assessoria,
que ainda não se manifestou sobre os resultados da pesquisa. (Via: Folhapress)
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