A greve dos caminhoneiros deixou
o país à beira de um colapso. Deflagrada após uma escalada de
reajustes que fizeram o preço do diesel disparar nas bombas, a
paralisação entra pelo 6º dia comprometendo áreas essenciais à
subsistência da população. Na maioria das capitais, inclusive Salvador, há
escassez de insumos de primeira necessidade, como alimentos, medicamentos e,
dentre os mais disputados a fórcepes, a gasolina — sem falar no caos nos serviços de transporte
em geral, sejam estes por terra, água e ar.
Para completar o cenário de terra arrasada, também não está descartada
a possibilidade de um eventual racionamento de água e luz.
Essa já é considerada a mais aguda crise de desabastecimento registrada na
história recente do Brasil. Estima-se que 15 milhões de
caminhoneiros transportem 60% da carga que abastece todo o território
nacional.
No ápice do movimento, foram registrados 521 pontos de interdição em
25 unidades da Federação, segundo balanço da Associação Brasileira dos
Caminhoneiros (Abcam). Na Bahia, os atos atingiram ao menos 39 trechos ao
longo da estradas, de acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF). .
Entidades
fecham acordo, mas trabalhadores ignoram
Durante negociação com representantes dos caminhoneiros na quinta
(24), o ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, anunciou que a área econômica
ampliaria de 15 para 30 dias o período de redução de 10% no preço do diesel. na
quinta (24). Na prática, o produto terá queda de R$ 35 centavos/litro, que
sairá por R$ 2,10 na refinaria.
O governo também assumiu subsidiar a Petrobras, que passará a fazer
reajustes mensais em vez de repassar as variações de preço diariamente para as
refinarias, como vigorava até então. Esse arranjo custará aos cofres da União
R$ 5 bilhões para garantir que os reajustes de preços do diesel sejam mensais,
e não diários, como estava sendo até então conforme política adotada pela
petrolífera desde junho de 2017.
Pelo acordo, o protesto seria suspenso por 15 dias. Após esse prazo, as
duas partes voltariam a se reunir para reavaliar as tratativas.
Em nota, a Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA)
divulgou que o “acordo só foi assinado para garantir que o governo manteria as
propostas caso a categoria aceitasse".
Antes, os caminhoneiros já haviam se recusado a aceitar proposta que
só visava zerar a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) sobre
o diesel.
Temer convoca
militares contra 'minoria radical'
Acuado, o presidente Michel Temer (MDB) resolveu baixar um decreto em que autoriza
as forças
federais a assegurar o desbloqueio das rodovias. A
medida foi avalizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que atendeu
a pedido da Advocacia-Geral da União (AGU). Em seu despacho, o
ministro Alexandre de Moraes listou a Polícia Rodoviária Federal, Polícia
Militar e Força Nacional de Segurança.como as instituições autorizadas para
atuar na liberação das estradas.
"Atendemos 12 reivindicações prioritárias dos caminhoneiros, que se
comprometeram a encerrar a paralisação imediatamente. Esse foi o compromisso
conjunto. Esse deveria ter sido o resultado do diálogo”, disse Temer,
respaldado pelo dispositivo denominado Garantia da Lei e da Ordem contra,
em suas palavras, "uma minoria radical".
Caso resistam, as entidades que encabeçam a grave ficarão sujeitas a multa de R$ 100 mil por
hora. Para os caminhoneiros, o valor é de R$ 10 mil por dia. Em entrevista a
uma rádio em Teixeira de Freitas, o governador Rui Costa (PT) declarou que “a medida foi acertada”.
Governadores se
recusam a reduzir ICMS
Após a reunião com os representantes dos caminhoneiros, Temer afirmou que
iria propor a secretários de Fazenda dos estados uma redução do ICMS do diesel. Gestores
de cinco estados e do Distrito Federal, por sua vez, dizem, por meio de um
manifesto, que não aceitam diminuir as alíquotas do ICMS e, assim, perder
arrecadação de receita. Em nota à imprensa, Rui Costa diz
rechaçar qualquer tentativa de atribuir aos estados a responsabilidade
pelos sucessivos reajustes no valor dos combustíveis ocorridos nos últimos dois
anos. "Tais aumentos estão relacionados fundamentalmente à política de
preços da Petrobras, da qual a União é a principal controladora”, enfatizou.
PF investiga
suspeita de locaute
A Polícia Federal vai investigar a possibilidade de locaute na paralisação
dos caminhoneiros. O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, afirmou que
pelo menos 20 são suspeitos de incentivar a greve. Locaute é quando empresários
incentivam a paralisação de seus empregados com o objetivo de conseguir
benefícios para o setor, o que é proibido por lei.
Planalto aposta
em enfraquecimento do movimento
A expectativa da gestão Temer e de seus auxiliares no Planalto é a de que
o movimento arrefeça progressivamente a partir do início da próxima semana.
Enquanto o impasse não é resolvido, a orientação de especialistas diante
do contexto caótico é economizar no que for possível. (Via: Agência Brasil)
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