A violação na cena de um crime em
uma agência bancária que foi alvo de bandidos pode apagar pistas fundamentais
para a investigação policial. A interferência em quase 100% destes locais, em
Pernambuco, motivou a Secretaria de Defesa Social a elaborar uma cartilha com o
passo-a-passo do isolamento, além de dar orientações de como as pessoas devem
proceder caso estejam nestes cenários. Divulgado nestas segunda-feira (5), este
é o primeiro material produzido no Brasil e visa facilitar o trabalho da
polícia científica.
Com o lançamento, a expectativa é de uma mudança de comportamento de todos
os agentes que atuem nestes locais. Sobretudo, gestores e funcionários de
instituições financeiras. A principal orientação é de que, havendo o delito, a
polícia seja acionada imediatamente por meio do 190. Outro ponto, é que as
pessoas presentes saiam evitando movimentações desnecessárias e registrando
onde tocaram. Se algum objeto for alterado de local, é imprescindível que seja
informado à perícia criminal.
A menor interferência pode levar as pessoas a serem indiciadas. “A partir
do momento que você entra e deixa seu DNA no local, sua pegada e impressão
digital, isso pode levar a polícia a seguir uma pista falsa. Quando se trata
dos gestores e funcionários, temos um grande prejuízo, pois, no final de tudo,
todos queremos que o crime seja desvendado e que as pessoas que o cometeram
sejam devidamente punidas”, explica a gerente-geral da Polícia Científica do
Estado, Sandra Santos.
Entrar nestas áreas sem a
permissão dos peritos criminais é desobedecer ao Código de Processo Penal (Lei
nº 3.689/41), que determina que a apreensão de objetos que têm relação com o
fato é de direito exclusivo da autoridade policial. De acordo com a legislação,
as únicas exceções são a prestação de socorro a possíveis vítimas, a contenção
de chamas quando há risco de incêndio ou, até, o recolhimento de dinheiro
espalhado que poderia gerar aglomeração de pessoas e alterar ainda mais o local
do crime.
O conteúdo, construído pela Polícia Científica de Pernambuco para a Força
Tarefa Bancos, está registrado na Biblioteca Nacional. Ao longo das suas 24
páginas, a cartilha também orienta as ações dos gerentes sobre as imagens das
câmeras de segurança e qual deve ser a postura dos seguranças de carros fortes.
“A divulgação da cartilha culmina com todo um processo de discussão com atores,
tanto no âmbito da segurança pública quanto das instituições financeiras. Internamente, ela já está disponível para estes agentes”, conta Sandra.
Criada em 2017, a força-tarefa tem como integrantes permanentes as
polícias Militar, Civil e Científica, juntamente com a Polícia Federal e
Rodoviária Federal. De acordo com a SDS, neste ano, o Estado registrou uma
queda de 63% nas investidas a bancos e instituições financeiras. Foram 13
ocorrências registradas de janeiro a junho deste ano e 35 casos no mesmo
período de 2018. Outro dado apresentado pela pasta, é de que 29 pessoas
responsáveis pelos delitos foram presas nos primeiros seis meses de 2019.
A reportagem entrou em contato com o Sindicato dos Bancários de
Pernambuco, que classificou como interessante a iniciativa. “A iniciativa é boa
para o trabalho da Polícia Científica, afinal boa parte da não resolução dos
crimes acontece por conta dessa interferência. Muitas vezes a gente vê até os
próprios policiais contaminando a cena do crime. Mas precisamos instruir os
clientes sobre como operar também durante a ação criminosa”, apontou o
secretário jurídico do sindicato, João Rufino. (Via: Folha PE)
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