O presidente Jair Bolsonaro
reconheceu nesta terça-feira (20) que pode abrir mão da indicação do deputado
federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) para a função de embaixador nos Estados
Unidos.
Em entrevista a jornalistas, ele disse que não quer submeter o seu filho a
um fracasso e considerou que há a chance de um recuo caso o cenário no Senado
se mostre desfavorável a uma aprovação.
"Tudo é possível. Eu não quero submeter o meu filho a um fracasso. Eu
acho que ele tem competência. Tudo pode acontecer", disse o presidente, ao
ser perguntado se poderia desistir da indicação.
Para ser efetivado, o nome do parlamentar precisa ser apreciado pela
Comissão de Relações Exteriores e aprovado por mais da metade dos votos dos
presentes em votação em plenário.
O presidente disse que é direito do Senado rejeitar seu filho, mas que o
Palácio do Planalto tem conversado e atuado por uma aprovação. Ele voltou a
negar que a indicação se trate de nepotismo.
"Se não for meu filho, vai ser o filho de alguém, porra", disse.
"Agora, o que vale para mim é uma súmula do STF [Supremo Tribunal Federal]
dizendo que, nesse caso, não é nepotismo", acrescentou.
Bolsonaro criticou parecer elaborado por consultores do Senado que
classifica a indicação como nepotismo. Para ele, o documento tem "viés
político" e as consultorias parlamentares atuam "de acordo com o
interesse do parlamentar".
"Não pode ter viés ideológico nessa questão. E o embaixador é um
cartão de visita. É a mesma coisa comigo. Para ser presidente, tenho de entender
de saúde, educação e economia? É impossível", disse.
O presidente tem segurado a indicação do filho à espera de um placar
preliminar que seja favorável à sua aprovação. A possibilidade de Eduardo
assumir a função tem sido alvo de críticas, inclusive por parte de alguns de
seus apoiadores.
Senadores como o líder do PSD, Otto Alencar (BA), já defendeu a rejeição
do nome do filho do presidente como um recado do Legislativo para o que
considera excessos cometidos pelo chefe do Executivo.
Em entrevista à Folha, o relator da reforma da Previdência, Tasso
Jereissati (PSDB-CE), disse temer que a polêmica escolha contamine o ambiente
para a votação das novas regras para aposentadoria. (Via: Folhapress)
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