A epidemia de coronavírus que se alastrou
pela China e já alcançou 21 países vem mudando a rotina de um pequeno grupo de
brasileiros do outro lado do mundo. Pilotos que deixaram o Brasil em busca de
uma oportunidade no país asiático tiveram sua escala de voos reduzida e
adotaram máscara e luvas como acessórios essenciais de trabalho.
Ao
lado de comissários, eles também atuam como uma espécie de fiscal do governo
nos voos, avisando as autoridades locais quando alguém tosse ou espirra no
avião. Passageiros com suspeita da doença são imediatamente inspecionados nos
aeroportos.
Com
passagem pela Varig e pela TAM, Fabio D’Andrea, de 54 anos, é um dos muitos comandantes
brasileiros que decidiram fugir da crise do setor de aviação no Brasil e se
arriscar em ares chineses. Em 2017, mudou-se com a família para Macau,
ex-colônia portuguesa e hoje região autônoma da China.
De lá
para cá, trabalha na Air Macau. Fazia voos semanais lotados para metrópoles
como Pequim e Xangai. Na última quinta-feira, o voo que faria para a capital
chinesa foi cancelado. Acabou sendo convocado para um que partiria de Macau
para Nanquim, no leste da China.
No
comando de um Airbus 321, com 180 poltronas, transportou apenas oito
passageiros. No retorno, foram 32. Por orientação da Air Macau, não foi servida
comida quente — para evitar manipulação de alimento e o possível contágio pelo
coronavírus — e toda a tripulação usava máscara e luvas.
“Se
os comissários desconfiam de que algum passageiro apresenta sintomas da doença,
eles nos avisam e nós sinalizamos às autoridades”, contou D’Andrea,
impressionado com o baixo fluxo de turistas em pleno Ano Novo Lunar chinês.
Macau é uma espécie de Los Angeles da China, com muitos cassinos e hotéis. Mas
o número de visitantes tem caído nos últimos dias.
Segundo
a imprensa local, a região autônoma recebeu 1.700 pessoas de Wuhan, epicentro
da epidemia, desde o último sábado, início do feriadão do Ano Novo Lunar.
Com a
disseminação do coronavírus, o governo regional as convidou a sair de Macau ou
ficar em isolamento. Chegou a reservar hotéis exclusivamente para hospedá-los.
Blog: O Povo com a Notícia