Uma força-tarefa na manhã desta terça-feira (7) prendeu, em Olinda (PE), o principal investigado pelas ameaças de estupro e de morte contra as deputadas estaduais de MG Beatriz Cerqueira (PT), Bella Gonçalves (Psol) e Lohanna (PV). Os casos foram registrados no segundo semestre de 2023.
A investigação, iniciada pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), pela Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) e pela Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) em agosto de 2023, concluiu que as ameaças foram planejadas e executadas em fóruns e grupos anônimos na internet, denominados "chans".
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Nesses grupos, os integrantes faziam publicações de incitação à violência, à pedofilia e à necrofilia, com postagens de imagens de estupros, assassinatos, mutilações e de pornografia infantil. (saiba mais abaixo)
Uma pesquisa divulgadas em setembro do ano passado mostrou que quase metade das postagens dentro esses grupos mencionavam alguma forma de violência contra mulheres e que mais de 2/3 do total de publicações tratavam sobre pornografia.
Em nota conjunta, as deputadas informaram que "receberam com esperança" a notícia da prisão do suspeito, completando que "mesmo demorada, a justiça acontece".
"O resultado das investigações mostra que sempre fizemos certo ao seguirmos firmes na luta, ao não nos deixarmos paralisar pelas ameaças e pela violência. Só assim seguiremos mudando a realidade das mulheres", conclui a nota.
Outros deputados da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, incluindo o presidente Tadeu Martins Leite (MDB), também celebraram a prisão do suspeito.
Embora outras parlamentares mineiras também tenham sido alvo de ameaças de morte e de estupro em 2023, as investigações da operação deflagrada nesta terça-feira (7) até o momento somente ligam o suspeito preso a crimes cometidos contra Beatriz, Bella e Lohanna.
Computadores apreendidos e líder identificado
Fases anteriores da operação já haviam apreendido computadores de casas de outros investigados. A partir dessas análises e de trabalhos de campo, parte dos integrantes desse grupo foi identificado, incluindo o líder, que usava os nicknames "Leon" e "Grow".
Esse líder passou a ser o principal investigado como responsável pelos crimes contra as parlamentares e por coagir adolescentes a se automutilarem e a enviar fotos nuas para ele.
O suspeito foi localizado a partir do usuário nesses grupos e identificado, com cumprimento de prisão preventiva e apreensão de itens eletrônicos com materiais ligados ao caso, como computadores, telefones e pen drives.
As deputadas foram ameaçadas por meio de mensagens enviadas aos e-mails institucionais da Assembleia de Minas Gerais. O conteúdo descrevia estupros coletivos e dizia que elas iriam ser mortas.
Ele será transferido para o sistema prisional de Minas Gerais e responderá o processo no judiciário do estado.
O que são os 'chans'?
"Chans" é a abreviação de "channels" — "canais", em inglês. Esses espaços são anônimos, sendo a maior parte deles hospedados na deep web ("web profunda", em tradução livre, que reúne conteúdos que não podem ser acessados em navegadores comuns de internet e dificulta a identificação dos usuários).
As regras principais dos chans são a proibição da presença de mulheres e o domínio da norma culta da língua portuguesa como código de superioridade.
Valendo-se do anonimato, os frequentadores organizam ataques online, tendo como alvos influenciadoras e celebridades. (Via: G1)
