Portanto, quer dizer que a esquerda brasileira recuperou a dignidade perdida com a campanha feita por Guilherme Boulos (PSOL) para se eleger prefeito de São Paulo, embora ele tenha sido derrotado pelo largo placar de 59,35% dos votos a 40,65%…
Bem, pelo menos foi isso que o próprio Boulos disse ao reconhecer oficialmente a vitória de Ricardo Nunes (MDB), o primeiro prefeito reeleito da história da capital paulista. Bom de bico, melhor do que os tucanos de outrora, Boulos explicou-se:
– Uma eleição se ganha ou se perde, uma dignidade não se perde, um compromisso de vida não se pode perder.
Não é uma charada, mas uma frase de efeito para reanimar seus eleitores em face do que se revelou impossível desde o fim do primeiro turno. Nunes não venceu graças aos seus esforços, nem aos esforços do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Venceu graças à migração espontânea para seu lado dos eleitores de direita órfãos da candidatura de Pablo Marçal (PRTB). E graças também à quantidade de eleitores que votaram em Lula há dois anos, mas que se recusaram a votar em Boulos.
A última pesquisa Datafolha apontou que 25% dos eleitores lulistas votariam em Nunes. Equivaleria a 919 mil votos. Derrotado por 1 milhão de votos, Boulos teria virado o jogo se tomasse de Nunes o apoio de pouco mais da metade desses paulistanos. Não tomou.
A taxa de abstenção do segundo turno das eleições deste ano foi a maior da história da cidade de São Paulo: 31,4% dos eleitores paulistanos não compareceram às urnas. O percentual corresponde a quase 3 milhões de pessoas (2.940.360).
O número foi maior do que os votos obtidos por Boulos: 2.323.901 ante 3.393.110 de Nunes. E não foi porque faltou dinheiro à campanha de Boulos: ele gastou 16 vezes mais (R$ 51 milhões) do que há quatro anos, quando disputou e perdeu a prefeitura.
Há quatro anos, Boulos colheu 40,62% do total dos votos válidos, contra 59,38% de Bruno Covas (PSDB); agora, 40,65% contra 59,35% de Nunes, um placar praticamente idêntico. Parte dos petistas que não o queriam como candidato está rindo à toa. (Via: Blog do Noblat)
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