Cancelar contas, fazer transferências de valores elevados, renegociar dívidas, estes são alguns dos serviços que têm sido mais afetados pela greve nacional dos bancários, deflagrada no dia 19 de setembro. A paralisação – que nesta quarta-feira (2) completou 14 dias – já é considerada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf) como a maior dos últimos 20 anos.
Nem todos os correntistas que recorrem à internet, por exemplo, conseguem realizar as chamadas Transferências Eletrônicas Disponíveis (TEDs), que envolvem altos valores. O limite varia de banco para banco, mas, em geral, é possível movimentar quantias entre R$ 2 mil ou R$ 3 mil. Para valores superiores é preciso ter uma autorização prévia da instituição financeira, que deve ser concedida pelo gerente da agência de forma presencial.
Com relação aos pagamentos, é possível quitar contas de até R$ 1 mil sem recorrer às agências bancárias. Para saques, o valor médio é de até R$ 1,5 mil. Quem não é adepto dos canais remotos e prefere fazer depósitos ou pagamentos de forma presencial, através dos caixas eletrônicos, também vai enfrentar problemas. Nesta terça-feira (1º), algumas pessoas se queixaram da falta de cédulas nas máquinas. Houve problemas também na quantidade de envelopes disponíveis para depósito em algumas agências. Clientes ainda reclamaram que havia terminais sem imprimir folhas de cheque.
Até ontem (1º), 11.016 agências e centros administrativos em todo o país permaneceram fechados. Como início de mês é tradicionalmente um período de grande fluxo de clientes, por conta dos pagamentos de salários e vencimentos de faturas, os prejuízos ao consumidor devem se intensificar nesta semana. A orientação é que os clientes continuem a recorrer aos canais alternativos, como internet banking, centrais de autoatendimento e caixas eletrônicos.
A greve dos bancários em Pernambuco manteve-se estável nesta terça-feira, com 90% das 602 agências do estado fechadas e mais de 10 mil funcionários de instituições públicas e privadas de braços cruzados. Nesta quinta-feira (3), a partir das 18h, a categoria realizará uma assembleia para decidir os novos rumos da paralisação.
Conheça as principais reivindicações dos bancários:
- Reajuste salarial de 11,93% (5% de aumento real além da inflação);
- PLR: três salários mais R$ 5.553,15;
- Piso: R$ 2.860,21 (salário mínimo do Dieese);
- Auxílios alimentação, refeição, 13ª cesta e auxílio-creche/babá: R$ 678 ao mês para cada (salário mínimo nacional);
- Melhores condições de trabalho, com o fim das metas abusivas e do assédio moral que adoece os bancários;
- Emprego: fim das demissões, mais contratações, aumento da inclusão bancária, combate às terceirizações, especialmente ao PL 4330 que precariza as condições de trabalho, além da aplicação da Convenção 158 da OIT, que proíbe as dispensas imotivadas;
- Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS) para todos os bancários;
- Auxílio-educação: pagamento para graduação e pós-graduação;
- Prevenção contra assaltos e sequestros, com o fim da guarda das chaves de cofres e agências por bancários;
- Igualdade de oportunidades para bancários e bancárias, com a contratação de pelo menos 20% de negros e negras.
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