Bom dia, boa tarde e muita boa noite aos meus bons e fieis leitores. Estamos de volta após um longo recesso que nem se parece com o parlamentar. Estou um tanto em falta com as prosas do Preá… por minha culpa, minha tão grande culpa. Escrever pra mim é tezão. Desejo. Pois bem, erotismos a parte, retorno com gosto de gás, com dois quente e um fervendo, como um doido comendo uma abóbora quente.
Mas noves fora nada, e depois dessa breve enrolada para criar o primeiro parágrafo, retorno estimulado pelo sucesso da novela global Amor à Vida. Não sou muito noveleiro, mas dou minhas espiadinhas. Costumo ver novelas analisando o desempenho dos atores e outras fuleragens que a TV nos delicia.
Entretanto, o último capítulo da novela foi visto como uma final de copa de mundo, em Água Branca, terra do filósofo Chico Preá e meu refúgio sagrado. Lá, em Água Branca, eu lavo os meus pecados e expio as minhas culpas. Tenho amigos verdadeiros e sou quase um rei de faz de contas. Afinal, nada substitui um bom abraço, uma gargalhada sonora numa mesa de bar, um brinde coletivo com um palavrão no meio. Ufa! Água Branca é o centro da terra.
Pois bem. O caso eu conto como o caso foi. Deixei o recesso do meu lar já na boquinha da noite da última sexta-feira (31) com destino ao território sagrado. O convite partiu do próprio Chico Preá, que tinha preparado um tira gosto especial para aquela ocasião: Farofa com ovos de codorna e peito de calango frito. Pense numa mistura explosiva. Noves fora nada, encontrei todos bem acomodados no bar do Chico de Mané de Lero em clima de euforia. Tonho Pé de Bomba, Beroaldo, Manezin Patola, Barrufa, Comadre Zefa, enfim, o clima era bem familiar.
A novela começou com o corno do Dr, César perguntando porque passou a novela toda levando ponta; “Porque? Porque?”, repetia o personagem, o qual teve a resposta de Beroaldo; “Porque tu é um cabra besta e não honra as calça que veste”, disparou, arrancando risos de todos.
Mas a grande expectativa era se teria ou não o tal ‘beijo gay’. Tentei argumentar que, caso a cena fosse ao ar, seria uma coisa normal, fruto do avanço da sociedade moderna e do fim dos preconceitos. Me lasquei. Chico Preá rebateu de pronto. “Pois pega os teus modernismo e leva pra tua casa, Pra mim, homem com homem e mulher com mulher é negócio sem futuro. Tá pra nascer o ômi que vai esfregar a barba nesta carinha que mamães beijou”.
Percebi, de pronto, que estava em ‘campo minado’. Tinha que ter muito cuidado. Pois bem, a turma vibrou quando a vilã morreu eletrocutada, quando a Valdirene casou com o Palhaço, mas eis que chegou o momento do primeiro beijo gay da televisão brasileira. Em cadeia nacional. Quando os dois machos começaram a medir os bigodes o silêncio foi total. Lambida pra lá, mãozinha no cabelo pra cá. E fim. Aconteceu. O silêncio foi quebrado por um grito monstruoso de Chico Preá.
-É o fim do mundooooooo. A fornicação total. Sodoma e Gomorra está de volta. Acabaram com a família de Água Branca.
Em seguida, houve uma quebra geral dos tamboretes. O clima era de revolta total. Manezin Patola lascou a televisão no chão, e em desespero gritava: “Bicho dos inferno, Bicho dos inferno. Do outro lado, Beroaldo não se cansava em repetir um bendito sagrado; “Livrai-no da peste, meu São Sebastião”. O dono da bodega desmaiou ao ver o prejuízo.
A confusão só acabou quando chegou “Cíntia”, um travesti de Água Branca que é querido por todos. Bom amigo e servidor. Cíntia é um tipo de ‘pau pra toda obra’. Se é que vocês me entendem. Ele (Cíntia) chegou na porta e perguntou;
- Genteeeemmm, o beijo entre o novo casal da TV brasileira já aconteceu? será que perdi este momento histórico? Após uma breve pausa, Chico Preá deu o comando: “Atacaaaarrrr”. E todos saíram correndo atrás de Cíntia que repetia.
“Meu Deus, o que é isso? socorro, um assédio coletivo desses bofes. Calma, que serei de todos”. O caso eu conto como o caso foi. Um abração e até a próxima.
Blog: O Povo com a Notícia
Fonte: Farol de Noticias