Preso na manhã desta terça-feira (28) em nova fase da Operação Lava Jato, o presidente licenciado da Eletronuclear, Othon Luiz Pinheiro da Silva, teria recebido R$ 4,5 milhões em propinas pagas pelas empresas Andrade Gutierrez e Engevix, segundo a Polícia Federal e o Ministério Público Federal (MPF). Os pagamentos, de acordo com o jornal o Globo, teriam sido realizados entre 2009 e 2014 por meio de empresas de fachada contratadas pelas empreiteiras apenas para repassar recursos ao dirigente da estatal.
Um dos pagamentos, segundo a PF, ocorreu em dezembro do ano passado, dias depois da prisão de executivos de grandes fornecedoras da Petrobras. Integrantes da Força-Tarefa da Lava-Jato afirmam que a realização de um pagamento dessa natureza em meio às investigações torna ainda mais grave a suspeita de envolvimento do presidente licenciado da Eletronuclear.
O pagamento realizado em dezembro de 2014 foi realizado para a empresa Aratec Engenharia Consultoria & Representações, com sede em Barueri, no interior de São Paulo. De acordo com o registro da Receita Federal, as sócias da empresa são Ana Cristina da Silvia Toniolo e Ana Luiza Barbosa da Silva Bolognani. As duas são investigadas na operação e foram alvos de mandados de condução coercitiva na manhã desta terça-feira, para que prestem depoimento à Justiça. Para a PF e o MPF, Othon Luiz Pinheiro da Silva é o verdadeiro dono da Aratec.
A origem dos pagamentos ao presidente da estatal seriam um contrato da Andrade Gutierrez com a Eletronuclear, de 1983, que recebeu aditivo de R$ 1,2 bilhão, em 2009, e a licitação de Angra 3, que teria sido direcionada para sete empresas que formaram os dois consórcios vencedores da montagem da usina, entre elas a Andrade. Em 2014, os consórcios se uniram em uma única empresa, que passou a se chamar consórcio Angramon. Todos os integrantes são investigados nesta nova fase da Lava-Jato.
De acordo com MPF, embora a Engevix não participe do consórcio principal de Angra 3, a empresa mantém outros contratos com a estatal. Com relação a Flavio Barra, o executivo da Andrade Guttierez que foi preso, ele foi indicado, apontado por Dalton Avancini, como o representante da Andrade Guttierez que discutia valores a respeito da propina de Angra 3.
Embora o único político alvo desta nova fase seja o presidente licenciado da Eletronuclear, a PF acredita que, com o avanço das investigações, pode-se chegar a novos nomes vinculados a partidos. Por meio de nota, a Andrade Gutierrez informou que acompanha a nova fase da Operação Lava-Jato e disse estar sempre “à disposição da Justiça”.
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