Neste domingo (26), acontece no
Sítio Lajes, em Serrita, às 10h, a tradicional celebração do culto ecumênico da
Missa do Vaqueiro, considerado o maior evento cultural e religioso dos sertões.
Nesta edição, a 45ª da história, a missa em honras ao vaqueiro Raimundo Jacó -
cuja morte originou o evento - e ao ofício do vaqueiro será conduzida pelo Padre Domingo Pedro. Os músicos Josildo Sá e Flávio Leandro, o poeta Pedro
Bandeira, o Coral Aboios e as duplas de aboiadores Fernando e Ronaldo e Chico
Justino e Cícero Mendes também participam da celebração da missa, sendo
responsáveis pela parte musical do culto, tradicionalmente embalado pelas
"Rezas de Sol", conjunto de canções apresentadas em ordem litúrgica.
Para a celebração, além dos turistas, são esperados aproximadamente
mil vaqueiros participantes. De acordo com a tradição, o início da missa é dado
com uma procissão deles a cavalo, levando, em honras a Raimundo Jacó, oferendas
como chapéu de couro, chicotes e berrantes ao altar de pedra rústica em formato
de ferradura. A missa, uma verdadeira romaria de renovação da fé, acontece
sempre ao ar livre e se assemelha bastante aos rituais católicos, porém
contando com toques especiais que caracterizam o evento: no lugar da hóstia, os
vaqueiros comungam com farinha de mandioca, rapadura e queijo.
Conhecida por unir o religioso e o profano, antes da
celebração da missa, os visitantes ainda podem conferir várias atrações
musicais e culturais, como shows de artistas locais e nacionais, entre eles
Lucy Alves, Mastruz com Leite e Arreio de Ouro, vaquejada, pegas de boi e
feirinha de comidas típicas e artesanato. A programação profana do evento,
inteiramente gratuita, teve início nesta quinta-feira (23), apresentando como
novidade um polo diurno, com rodas de forró pé de serra, cantadores,
repentistas e aboiadores.
O evento, patrocinado pela Empetur/Secretaria de
Turismo, Funcultura, Fundarpe, Governo do Estado de Pernambuco e Prefeitura
Municipal de Serrita, é uma promoção da Apega - Associação dos Vaqueiros de
Pega de Boi na Caatinga do Alto Sertão de Pernambuco - e da Fundação Padre João
Câncio, coordenada por Helena Câncio.
Sobre a
história da Missa - Realizada anualmente sempre no quarto domingo do mês de julho, a Missa
do Vaqueiro tem em suas origens uma história que foi consagrada na voz de Luiz
Gonzaga: a de Raimundo Jacó, um vaqueiro habilidoso na arte de aboiar. Reza a
lenda que seu canto atraía o gado, mas atraía também a inveja de seus colegas
de profissão, fato que culminou em sua morte numa emboscada. O fiel companheiro
do vaqueiro na aboiada, um cachorro, velou o corpo do dono dia e noite, até
morrer de fome e sede.
A história de coragem se transformou num mito do
Sertão e três anos após o trágico fim, sua vida foi imortalizada pelo canto de
Luiz Gonzaga. O Rei do Baião, que era primo de Jacó, transformou "A Morte
do Vaqueiro" numa das mais conhecidas e emocionantes canções brasileiras.
Mas Gonzaga queria mais. Dessa forma, ele se juntou a João Câncio dos Santos -
padre que ao ver a pobreza e as injustiças cometidas contra os sertanejos
passou a pregar a palavra de Deus vestido de gibão - para fazer do caso de Jacó
o mote para o ofício do vaqueiro e para a celebração da coragem. (Via: Portal Serrita)
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