Se o STF deixar a Polícia Federal
investigar o Lula, das duas possíveis conclusões a que pode chegar o delegado
Josélio Sousa, uma é improvável e a outra é inaceitável. Ambas são um desafio à
criatividade.
É
improvável que a Polícia Federal do governo do PT conclua pela culpa de Lula e
proclame publicamente que o morubixaba do PT nomeava e acobertava corruptos
para prospectar na Petrobras benefícios para si, para o partido e para os
aliados.
Lula
já declarou que não sabia de nada. E as notas oficiais do PT sustentando que o
tesoureiro João Vaccari é gente boa e só recebeu doações legais, declaradas à
Justiça Eleitoral, tornaram a investigação da Lava Jato praticamente supérflua.
Dilma
Rousseff, entre preservar o princípio de não roubar nem deixar que roubem e
salvar a unidade partidária, optou pela cautela. Mantém um silêncio
estratégico, para não atear fogo ao próprio mandato. Ou está impotente, como o
resto dos brasileiros.
É
inaceitável, porém, que o jogo de conveniências leve o governo a impor à
Polícia Federal uma conclusão fantasiosa do inquérito conduzido pelo delegado
Josélio. O país pode conviver com a ruína da biografia do líder popular como
marco de uma era. Mas não como símbolo de uma farsa que transformaria os
brasileiros em imbecis.
Nem
uma democracia como a do Brasil, composta de quatro poderes — Executivo,
Legislativo, Judiciário e o Dinheiro — poderia conviver historicamente com a
responsabilidade de dois superescândalos sem um comando.
A
aceitação da tese segundo a qual o mensalão e o petrolão foram urdidos e
executados por uma máfia sem capo desobrigaria o Brasil de fazer sentido. E
comprometeria definitivamente a reputação das instituições nacionais.
Entre
a conclusão improvável e a inaceitável, onde chegará o inquérito conduzido pelo
delegado Josélio? Nunca antes na história desse país o talento criativo para
acochambrar as coisas teve um desafio tão grande.
Relator
da Lava Jato no STF, o ministro Teori Zavacki talvez conclua que o Brasil ainda
não está preparado para ser apresentado a si mesmo. Nessa hipótese, ele
indeferirá o pedido de Josélio para interrogar a virtude presumida. (Via: Josias de Souza)
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