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terça-feira, 1 de setembro de 2015

Odebrecht comandava cartel, diz executivo que virou delator

O executivo Augusto Mendonça Neto, diretor da Setal que se tornou delator na Operação Lava Jato, disse em audiência na Justiça federal do Paraná que a Odebrecht comandava o cartel de empresas que dividiam obras da Petrobras, de acordo com informações publicadas pelo jornal Folha. "A Odebrecht, pelo peso e importância, tinha uma voz predominante no grupo. Quando ela queria alguma coisa, era muito difícil que aquilo não fosse feito daquela forma. Se ela não quisesse, isso certamente não seria feito", declarou ao juiz Sergio Moro.
 
Ainda segundo ele, "as empresas escolhiam as suas preferências, e as demais apresentavam preços superiores". Mendonça citou como exemplo do poder da Odebrecht o fato de a empreiteira ter conseguido dois dos maiores contratos da refinaria Abreu e Lima. Por meio de consórcios, a Odebrecht obteve em Abreu e Lima negócios que somam R$ 4,67 bilhões.

O executivo da Setal contou que o ex-diretor da Odebrecht Márcio Faria participava das reuniões em que as empresas discutiam como seriam divididas entre elas as obras da Petrobras. Para Mendonça, as empresas pagavam propina porque temiam retaliações dos diretores da Petrobras. "Pagavam [suborno] porque a capacidade de um diretor de atrapalhar é muito grande. Todas as empresas tinham medo de não pagar".
 
O dirigente da Setal diz que sofreu ameaças do deputado José Janene (PP-PR), que indicou Paulo Roberto Costa para a diretoria de abastecimento da Petrobras e cobrava propina das empresas que eram contratadas pela estatal. Mendonça diz que foi ameaçado por Renato Duque e Pedro Barusco, diretor e gerente da diretoria de Serviços da estatal. Ambos disseram, segundo o executivo, que sem suborno o contrato não seria assinado.
 
O diretor diz que a divisão de obras beneficiou a Setal em duas obras: as das refinaria Getúlio Vargas, no Paraná, e de Paulínia, em São Paulo.

Blog: O Povo com a Notícia