Deputado
de primeiro mandato, Fausto Pinato (PRB-SP) foi dormir na noite passada
saboreando a condição de favorito para o posto de
relator do processo aberto contra Eduardo Cunha no Conselho de Ética da Câmara.
A exemplo de Cunha, Pinato é evangélico.
Tomado pelas mensagens que dirigia aos eleitores no pleito do ano passado, ele não ousará redigir um eventual relatório sobre a conduta ética do colega sem aconselhar-se com Deus.
Tomado pelas mensagens que dirigia aos eleitores no pleito do ano passado, ele não ousará redigir um eventual relatório sobre a conduta ética do colega sem aconselhar-se com Deus.
Pinato ensinou na sua propaganda eleitoral da tevê que
“Deus sempre esteve envolvido nas decisões dos países.” Segundo as suas
palavras, “todo poder na Terra só existe se Deus permitir que seja concedido ao
homem. Deus só não se envolve na corrupção, mas ele tem interesse nos destinos
políticos de uma nação.”
Guiando-se por essa percepção de que a corrupção não é
coisa de Deus, Pinato talvez se anime a ser implacável com Cunha. Sobretudo se
levar em conta que o presidente da Câmara cometeu a blasfêmia de colocar em
nome de uma empresa chamada Jesus.com os carros que compõem a sua frota de
luxo, entre eles um Porsche Cayenne.
O partido de Fausto Pinato, o PRB, fechou com Eduardo
Cunha na disputa pela presidência da Câmara, em fevereiro passado. Um pequeno
grupo discordou. Mas a legenda, vinculada à Igreja Universal, integrou
formalmente o sacrossanto bloco de apoio a Cunha.
Defensor da família nos seus moldes tradicionais e de teses
como a redução da maioridade penal, Pinato associou-se à pauta legislativa da
Bancada da Bíblia, vitaminada por Cunha. A despeito disso, seu nome foi visto
como o mais próximo que o Conselho de Ética conseguiria chegar da
imparcialidade entre os três deputados que foram sorteados como potenciais
relatores do processo que, em tese, pode levar à cassação do mandato de Cunha.
Os outros dois são José Geraldo (PT-PA) e Vinicius Gurgel
(PR-AP). O primeiro, petista de mostruário, está sujeito às influências de Lula
e do Planalto, que travam com Cunha um relacionamento do tipo uma mão suja a outra. Quanto a Gurgel, segundo candidato a relator do caso
Cunha, trata-se de um notório aliado do presidente da Câmara.
Pinato leva outra vantagem sobre os demais candidatos a
relator. Ele é advogado. Assim, além de ouvir o Todo-Poderoso, poderá consultar
as evidências que fazem de Eduardo Cunha e de familiares dele beneficiários de
contas que o deputado assegurou em depoimento à CPI da Petrobras que jamais
possuiu na Suíça.
Manuseando o papelório enviado ao Brasil pela Promotoria
da Suíça, o deputado Pinato decerto será tomado de assalto pela revelação de
que Deus, embora exista, não é full time. (Via: Josias de Souza)
Blog: O Povo com a Notícia