O cabo da Polícia Militar de
Pernambuco (PMPE), Cícero Valdevino da Silva, através da família, escolheu o
Farol de Notícias para lançar uma carta aberta à sociedade serratalhadense. O
militar está preso desde o dia 7 de maio, em Recife, acusado de pistolagem e a
prática de cerca de 30 homicídios. Dos quais, conforme a operação Paz no
Sertão, deflagrada pelo DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa),
de Recife, oito poderiam ter sido praticados só em 2015.
Angustiado, Valdevino está detido
no Centro de Reabilitação da Polícia Militar (Creed) e diz que nunca foi ouvido
por nenhuma autoridade desde que foi preso. Ele se declara inocente das
acusações. Em Serra Talhada, familiares e amigos estão mobilizados em torno de
um abaixo assinado que pede a liberdade do militar. O cabo também declarou que
vai acionar a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de
Pernambuco (Alepe) e pede atenção aos órgãos de segurança do estado com relação
ao seu caso. Confira a carta na íntegra.
CARTA ABERTA:
“Eu, Cícero Valdevino da Silva,
cabo da Polícia Militar de Pernambuco, venho através desta simples nota dar
resposta às calúnias referentes a minha pessoa que circula nos meios de
comunicação de Pernambuco, em especial blogs da região e da cidade de Serra
Talhada. Foi um absurdo como jogaram meu nome e minha imagem na mídia, tachado
como chefe de quadrilha, pistoleiro e outros nomes. Tentando com isso causar
grande comoção pública, principalmente na população serra-talhadense. Como
puderam fazer tudo isso com uma pessoa como eu, que sou nascido e criado na
cidade e que nunca cometi crime algum?
Lembro-me muito bem que esses
mesmos delegados da cidade do Recife estiveram aqui, em Serra Talhada, para
investigar três homicídios ocorridos no mês de março que ficaram conhecidos
como rixa do vereador Cição com essas pessoas. O mesmo foi chamado juntamente
com seu irmão para prestar esclarecimentos sobre tal fato, sem que nada tenha
se constatado; logo depois de um ano o vereador foi assassinado. Agora, vem
esses mesmos delegados querendo envolver pessoas que não têm nada a ver, como
eu, Cícero Valdevino e o sargento Luciano. Até o mandado de prisão provisória e
todo o inquérito consta a matrícula do vereador Cição (28.397-5), com o meu
nome ao invés do nome dele.
No meu ponto de vista todos
éramos cartas marcadas, onde nesse cenário existem pessoas culpadas de um crime
que até agora eles não conseguiram apontar, e existem pessoas como nós,
culpados para um crime em uma forma de fraude de processos. Por que digo isso?
Eles estão querendo nos envolver em inquéritos que já existia na delegacia e
que numa forma de justificar tamanho absurdo que eles divulgaram em coletiva de
imprensa, colocando eu e o sargento Luciano como bodes expiatórios. Inclusive,
as armas apresentadas na coletiva que disseram pertencentes a grupos de
extermínio, na verdade, a 12, o revólver e a pistola 380 de inox são do
comerciante Joaquim. Foram apreendidas na sua residência com mandado de busca,
onde tais armas são todas legalizadas e registradas.
A pistola ponto 40 com três
carregadores que estava comigo na hora em que fui detido é carga do 14º BPM, ou
seja, pertence ao Batalhão, como também a ponto 40 do sargento Luciano pertence
ao Batalhão. E o revólver devidamente registrado, que é propriedade do sargento
Luciano. Por aí se vê o tamanho da arbitrariedade desta prisão descabida. Pois
nesses meus 29 anos de carreira militar nunca fiz qualquer coisa que viesse
desabonar minha conduta ou envergonhar minha farda. Pois passei por vários
serviços operacionais: Rocam, 2º seção por nove anos e atualmente Gati e desde
1993 aqui em Serra Talhada com um histórico de ocorrências de prisões,
flagrantes delitos, grandes apreensões de drogas e armas de fogo. Sempre
contribuindo com a Justiça de toda a área do 14º BPM e com a sociedade de Serra
Talhada, sempre com muito profissionalismo.
Por duas vezes fui escolhido
como o melhor policial operacional em pesquisas realizadas pelo jornal o
Binóculo de Afogados da Ingazeira, pelo Ministério Público por conseguir
desvendar homicídios e com uma ficha de quase 300 elogios concedidos a minha
pessoa pelos meus comandantes do 14º BPM e até do Comando Geral. Com tudo isso
estamos perplexos com tamanha inversão de valores em relação à nós policiais
militares e os verdadeiros criminosos que estão a solta. Desde o dia 07 de maio
me encontro recolhido arbitrariamente sem que nunca fui ouvido por ninguém
sobre tais acusações, tendo em vista que sempre estive com ocorrências na
delegacia e nunca nada contra a minha pessoa foi imputado. E em apenas um mês e
meio de investigação esses delegados, de forma injusta, tentam criar certas
atribuições criminosas a minha pessoa, como também ao sargento Luciano.
Porém, não temerei de forma
alguma uma vez que não devo nada e isso vou provar, pois sou inocente e nunca
cometi nada do que estão me acusando. Mas primeiramente temos muita fé em Deus
e esperamos que o Ministério Público e as autoridades competentes tomem as
devidas providências para que a injustiça que estamos passando hoje, outros não
venham a passar. Que a Justiça seja feita e que possamos voltar ao convívio dos
nossos familiares que também estão revoltados e angustiados com tudo o que está
acontecendo.
Agradeço desde já pela
oportunidade.
Atenciosamente,
Cícero Valdevino da Silva
Blog: O Povo com a Notícia
Via: Farol de Notícia