O
ex-presidente da Câmara e deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) chamou o
presidente Michel Temer (PMDB), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT)
e o ex-ministro Henrique Alves (PMDB-RN), além de outras figuras públicas, como
testemunhas de defesa no processo que responde no âmbito da Operação Lava Jato
em Curitiba.
Portador de segredos insondáveis
da República, Eduardo Cunha relacionou 22 testemunhas de defesa no processo em que é acusado de
receber propina de US$ 1,5 milhão para azeitar negócios num campo de óleo da
Petrobras no Benin, na África. Hospedado no PF’s Inn de
Curitiba há duas semanas, Cunha olhou para o alto ao elaborar sua lista.
Incluiu nela os nomes de Lula e Michel Temer, dois personagens que conhecem por
dentro a usina de fisiologismo que descambou para a corrupção.
No momento, Cunha identifica-se com a fauna do universo das
conspirações. Ora considera-se um bode expiatório ora se vê como um boi de
piranha — aquele bicho que é jogado no rio para ser comido, enquanto o resto da
manada escapa. A escolha de testemunhas como Lula e Temer não é aleatória.
Cunha espera que ambos ajudem seus advogados a protegê-lo, convertendo-o aos
olhos do juiz Sérgio Moro numa espécie de bode exultório.
Cunha é um potencial delator. Se for socorrido pelas
testemunhas, retribuirá com o silêncio. Do contrário, pode endurecer o dedo. É
um comportamento típico de outro ser dos porões do poder.
Blog: O Povo com a Notícia