O Centro de Investigação e
Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) produziu 45 relatórios finais de
acidentes que ocorreram entre 2002 a 2015 a respeito da queda de aeronaves no
Brasil que tiveram como principal causa a falta de combustível, conhecida como
“pane seca”. Desses acidentes, 27 ocorreram em áreas rurais. Ao todo, 11
pessoas morreram das 107 que estavam a bordo de aviões e helicópteros
acidentados. Outras sete foram feridas gravemente. Por conta desses acidentes,
foram expedidas 81 recomendações de segurança de voo das quais 61 são
direcionadas para a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
Nessas
recomendações constam medidas como realizar gestões junto aos pilotos
envolvidos e a divulgação do conteúdo dos relatórios em seminários, palestras e
outros tipos de apresentações voltados aos proprietários de aeronaves, por
exemplo. A Anac não explicou, até o fechamento desta notícia, como tem atendido
às recomendações.
A pane seca, segundo
levantamento inicial de investigadores bolivianos, pode ter sido o motivo
preponderante para tragédia em Medellín, onde 71 pessoas morreram, incluindo
grande parte da delegação da Chapecoense, jornalistas, convidados e tripulação.
No Brasil, as fatalidades por falta de combustível ocorreram com 40 aviões e
cinco helicópteros que ficaram com danos de “substanciais” a “graves”. Em
agosto de 2015, o acidente registrado mais recente por conta de pane seca
ocorreu na cidade de Pacaembu (SP). O avião do fabricante Cessna Aircraft teve
de fazer um pouso forçado em um pasto, após parada total do motor. O piloto,
único na aeronave, saiu ileso. Aliás, São Paulo foi o estado que teve maior
número dos casos contabilizados, seguido por Minas Gerais, com seis casos.
Em uma das quedas que
envolveram um helicóptero, a aeronave decolou de um condomínio privado na
cidade de Fronteira (MG), com destino ao aeródromo de São José do Rio Preto
(SP). Durante o percurso, o piloto constatou uma pane no motor o que fez com
que ele realizasse uma colisão contra o solo durante o pouso. Das quatro
pessoas que estavam a bordo, três não tiveram ferimentos graves.
Responsabilidade
é do piloto: O especialista em aviação civil
João Carmo explica que a decisão da quantidade de combustível que será
abastecida antes do voo é tomada pelo comandante da aeronave em questão e que a
competência de abastecer cabe a algum dos tripulantes. Além disso, Carmo lembra
que o plano de voo inclui a informação da quantidade de combustível definida
pelo piloto e que ela passa por uma revisão na sala de tráfego. “O formulário é
avaliado pelo órgão de controle, no caso, pela sala de tráfego, para verificar
se a aeronave preencheu os dados de acordo com o requisito”, afirma.
“Pouco combustível
também é pane seca”, explica o especialista e acrescenta que a falta de
combustível pode vir por diversas causas. “Ela (pane seca) pode ocorrer por
falha técnica, por exemplo, vazamento de combustível ou porque o piloto decidiu
voar além do limite que a aeronave comporta”.
Consumo do combustível: Segundo professor de
aviação civil, há variáveis que podem influenciar o consumo de combustível das
aeronaves. “A altitude de voo, assim como o vento, alteram o consumo pelo fato
de mudarem os tempos de voo. Por exemplo, quanto mais alto, economiza mais
combustível. Essas coisas não só podem como devem ser previstas”, disse. (Via: Agência Brasil)
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