O chefe
do Departamento Econômico do Banco Central, Túlio Maciel (foto), fez, ontem,
uma comparação entre os impactos, nas diferentes regiões do País, da crise
global de 2008 e a crise mais recente da economia brasileira. Segundo ele, o
Nordeste foi prejudicado nos últimos anos pela estiagem, o que afetou a
atividade agrícola na região.
"Houve queda muito pronunciada
(da produção agrícola) no Nordeste nos últimos anos. Mas as perspectivas para
2017 são melhores", pontuou. Ainda falando sobre o Nordeste, Maciel
destacou queda pronunciada do volume de serviços nos últimos dois anos, assim
como o recuo do comércio.
Já as regiões Sudeste e Sul
tiveram uma queda muito intensa da atividade em 2009, após a crise global. O
movimento foi mais acentuado que o visto nas demais regiões. No geral, para o
Banco Central, a crise recente "atingiu igualmente todas as regiões."
"A crise atual tem cara distinta da de 2008", afirmou.
Segundo ele, o movimento visto
nas diferentes regiões do País está ligado a fatores como a falta de confiança
na economia, os impactos negativos da crise no mercado de trabalho e a maior
dificuldade na obtenção de crédito. "Observamos queda este ano no saldo de
crédito que abrange todas as regiões", pontuou Maciel. "É o primeiro
ano que ocorre essa queda do saldo de crédito."
O diretor do BC frisou que, em
todas as regiões do País, houve retração das importações de produtos nos
últimos anos. Isso ocorreu, segundo ele, em função do câmbio menos favorável
(dólar em nível mais alto ante o real nos últimos anos) e da atividade fraca no
País, que limita a compra de produtos de outros países.
Ao abordar o arrefecimento mais
recente da inflação no País, Maciel disse que os alimentos voltaram a ter um
comportamento "mais benigno" e destacou, ao mostrar um gráfico com
índice de difusão, que a queda da inflação não está concentrada "em um ou
dois produtos." Ao contrário, de acordo com Maciel, é resultado de preços
mais contidos em vários produtos. O chefe do Departamento Econômico do BC
concedeu entrevista coletiva em Salvador, na Bahia, sobre o Boletim Regional do
Banco Central do Brasil.
JUROS: Em se tratando da política
monetária, o economista José Roberto Mendonça de Barros, da MB Associados,
disse, ontem, que lamenta a cautela excessiva do Banco Central no novo ciclo de
afrouxamento monetário, iniciado com dois cortes seguidos de 0,25 ponto
percentual na taxa básica de juros, a Selic.
Durante participação em
congresso que reuniu empresários da indústria química na zona sul de São Paulo,
Mendonça de Barros comentou que, em termos técnicos, a taxa real de juros está
muito acima da taxa neutra, aquela que não produz nem inflação nem desinflação.
Blog: O Povo com a Notícia