O ex-subsecretário de Saúde do
Rio César Romero afirmou nesta quarta-feira (08) que o senador Humberto Costa
(PT) recebia propina do empresário Miguel Iskin, que atua no setor de próteses
e equipamentos médicos. As vantagens indevidas foram pagas, segundo o relato,
durante o período em que o petista ocupou o cargo de ministro da Saúde, entre
2003 e 2005.
Romero firmou acordo de colaboração premiada com o Ministério Público
Federal e prestou depoimento em ação penal que apura o desvio de R$ 16 milhões
na Secretaria de Saúde do Rio durante a gestão do ex-governador Sérgio Cabral
(PMDB).
Ele disse que o esquema implantado na secretaria estadual reproduziu o que
já havia funcionado no Into (Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia) a
partir de 2002, período em que o ex-secretário Sérgio Côrtes ocupou o cargo de
diretor. A propina paga a Costa teria ocorrido nesse período. "Eu
soube de alguma coisa de relacionamento dele, dando valor, para o então
ministro Humberto Costa", disse Romero.
O delator disse que os pagamentos se referiam a uma mudança numa portaria
relacionada ao Projeto Suporte -programa do Ministério da Saúde que previa
envio de médicos do Into para a realização de atendimentos e cirurgias em
outros Estados. A alteração da norma permitiu que o Into comprasse equipamentos
para a realização das intervenções.
"A modificação dessa portaria foi fruto de comemoração entre Miguel,
eu e Sérgio. Isso representaria a vinda de orçamento para a compra de
equipamentos importados. A alteração dessa portaria foi feita pelo
relacionamento, quem conseguiu foi Miguel Iskin", disse Romero. Ele disse
que a celebração foi realizada numa "casa de massagens" em São Paulo.
Durante as investigações da Operação Lava Jato, Côrtes enviou e-mail para
Iskin afirmando que "nossas putarias têm que continuar". O Ministério
Público Federal entendeu a mensagem como uma forma de obstrução de Justiça -o
ex-secretário estaria tentando combinar versões para uma delação conjunta.
Côrtes e Iskin afirmaram que o texto tenho cunho unicamente pessoal.
"Meu chapa, você pode tentar negociar uma coisa ligada à campanha.
Pode salvar seu negócio. Podemos passar pouco tempo na cadeia... Mas nossas
putarias têm que continuar", dizia a mensagem de Côrtes para Iskin.
Cabral, Côrtes, Iskin, Romero e outras três pessoas respondem a ação penal
em decorrência da Operação Fatura Exposta, desdobramento da Lava Jato no Rio.
O ex-secretário já reconheceu ao Ministério Público Federal ter recebido
propina de Iskin e devolveu US$ 4,3 milhões à Justiça, como revelou a Folha há
três meses. (Via: Folhapress)
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