O ex-procurador-geral da
República Rodrigo Janot rebateu, hoje, a fala do novo diretor-geral da Polícia
Federal, Fernando Segovia, de que uma mala de dinheiro não é prova contra o
presidente da República, Michel Temer (PMDB).
Segovia afirmou que "uma única mala" "talvez" seja
insuficiente para comprovar se os investigados cometeram crime de corrupção. O
diretor da PF se referia à mala com R$ 500 mil em dinheiro – supostamente
propina – entregue em abril deste ano pelo executivo Ricardo Saud, do
frigorífico JBS, para o então deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-MG).
Ex-assessor e homem de confiança de Temer, Rocha Loures foi preso em razão
do episódio. A suspeita da PGR na denúncia é de que Temer seria o destinatário
final do dinheiro.
"Só pode ser uma brincadeira dizer que uma mala com R$ 500 mil não é
crime. Eu, como procurador-geral, não ganho R$ 500 mil por ano. A maioria da
população brasileira não ganha isso por ano. Só pode ser uma brincadeira",
disse Janot.
A afirmação foi feita durante palestra no "Seminário As Relações
Brasil-Itália", realizada em um hotel nos Jardins, bairro nobre de São
Paulo. Ele acrescentou que a apreensão da mala foi resultado de uma ação
controlada autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
O ex-procurador disse que faria a mesma negociação de delação premiada com
Joesley Batista, dono da JBS, apesar de todos os problemas e críticas
envolvendo a rápida negociação para a delação. "Eu tinha a seguinte
escolha de Sofia: fazer cessar os crimes em curso ou deixar para lá. Eu decidi
pelo interesse público, eu vou fazer cessar estes crimes. E, hoje, eu faria
exatamente a mesma coisa, a mesma postura", afirmou após ser questionado.
Janot comparou a delação dos empresários da JBS com a dos executivos da Odebrecht,
cuja negociação durou mais de um ano. "Os executivos da Odebrecht chegaram
com crimes praticados. As informações da JBS eram crimes em curso", disse.
“A primeira reação minha e do grupo (ao ver as gravações com o presidente da
República e com o senador Aécio Neves) foi não acreditar”. (Via: G1)
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