A liberdade de imprensa no mundo
atingiu seu pior nível desde 2000, apontou um estudo da ONG britânica de defesa
da liberdade de expressão Artigo 19 em parceria com o banco de dados
V-Dem.
O relatório analisou a diversidade e independência da mídia em 172 países
no período entre 2006 e 2016. A análise se baseia em indicadores como viés e
corrupção, censura à internet, acesso à Justiça, assédio a jornalistas e
igualdade de gênero e classe social. Os critérios compõem uma métrica batizada
de Expression Agenda pela ONG.
A Turquia, que vive um momento de recrudescimento do autoritarismo do
presidente Recep Tayyip Erdogan após uma tentativa de golpe em 2016, teve o
maior declínio. Mas Brasil, Egito, Polônia e Venezuela também registraram uma
queda preocupante na liberdade de imprensa.
"Infelizmente nossas conclusões mostram que a liberdade de expressão
está sob ataque tanto em democracias como em regimes autoritários",
afirmou ao jornal "The Guardian" Thomas Hughes, diretor executivo da
Artigo 19.
A liberdade de imprensa está ainda mais ameaçada depois da ascensão da
internet, segundo o estudo, porque o conteúdo on-line vem sendo controlado por
algumas empresas de internet cujos processos "são pouco
transparentes", além da pressão comercial em fornecedores de notícias que
levou a cortes em investimentos.
De acordo com o relatório, 259 jornalistas foram presos em 2016 e 79 foram
assassinados. Os focos de preocupação incluem a vulnerabilidade de repórteres
cobrindo a "guerra às drogas" nas Filipinas, no México e em Honduras,
e a intimidação contra vozes opositoras pelo governo Erdogan na Turquia.
Mesmo democracias como os EUA se tornaram motivo de preocupação. "Os
EUA têm sido tradicionalmente um farol da liberdade de imprensa e defensor de
jornalistas, mas uma onda de retórica anti-imprensa do presidente Donald Trump
mina o papel da imprensa em uma democracia e potencialmente coloca em perigo
jornalistas", disse Robert Mahoney, vice-diretor-executivo de outra
organização, o CPJ (Comitê para a Proteção de Jornalistas). (Via: Folhapress)
Blog: O Povo com a Notícia