O Congresso nunca foi tão
detestado. Seis entre dez brasileiros reprovam os parlamentares que deveriam
representá-los. É a pior marca desde que o Datafolha começou a medir a
avaliação de deputados e senadores. Com as exceções de praxe, eles fizeram por
merecer.
O recorde de rejeição vem coroar a
legislatura que alçou Eduardo Cunha à presidência da Câmara. Justiça seja
feita, o correntista suíço não é o único culpado pelo descrédito da classe. Ele
chegou lá porque soube organizar a massa de políticos que usam o mandato para
fazer negócios.
O eleitor já conhece os métodos da
turma desde a longínqua CPI do Orçamento. A novidade da Lava Jato foi atingir
mais gente e pegar peixes mais graúdos que os "anões" de 1993. Além
disso, a operação expôs as entranhas do comércio de leis, emendas e medidas
provisórias.
Graças ao arrastão, estão na cadeia
os últimos dois presidentes da Câmara. Seus três antecessores também foram
delatados e respondem a inquéritos no Supremo. O atual presidente, Rodrigo
Maia, reforça o time dos investigados. Estão na mesma situação o presidente do
Senado, Eunício Oliveira, e outros cinco peemedebistas que ocuparam sua cadeira.
Como se isso não fosse suficiente, a
Câmara ainda engavetou
duas denúncias criminais contra o presidente da República. Quem
não passou os últimos meses em Marte sabe como essa blindagem foi garantida.
Vale lembrar que os 513 deputados e
81 senadores não vieram de outro planeta. Foram eleitos pelos mesmos
brasileiros que reclamam. Em muitos casos, em troca de favores, promessas de
emprego ou dinheiro vivo.
A pesquisa permite uma leitura
otimista: com tanta gente insatisfeita, é possível que haja maior renovação nas
urnas em 2018. Por outro lado, o clima de repulsa à política pode fortalecer
candidatos autoritários, que vociferam ideias radicais para ganhar votos. A
história mostra que pior que um Congresso ruim é não ter Congresso algum. (Via: Folha de S.Paulo)
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