A Polícia Federal devolveu o
passaporte de Lula que havia sido confiscado pela Justiça. E excluiu o nome
dele do sistema de procurados e impedidos. Se quiser, pois, Lula está liberado
para viajar o exterior e por lá permanecer até que sua sorte por aqui fique
clara. Ou em definitivo caso não goste da sorte que venha a ter.
Em entrevista, ontem, a uma emissora de rádio do Recife, Lula
desmentiu que pretenda fugir do país. E repetiu que será candidato à sucessão
do presidente Michel Temer a não ser que acabe barrado injustamente. Disse não
acreditar que será preso e nem temer a prisão. Quando nada porque foi preso na
época da ditadura militar.
Há aí uma diferença que Lula jamais admitirá. Ele pode se
vangloriar de ter sido preso político quando em 1980 ficou retido por 30 dias
em uma cela da Delegacia de Ordem Política e Social, em São Paulo. Foi bem
tratado por seu carcereiro, o delegado Romeu Tuma, depois senador e seu aliado
político. E até driblou uma greve de fome chupando balinhas.
Uma vez que seja preso agora, ele ostentará a condição de
político preso, acusado de corrupção passiva e de lavagem de dinheiro no
processo do tríplex do Guarujá. Nada haverá de glamoroso nisso, pelo contrário.
Terá sido apenas mais um, embora o mais ilustre, dos políticos e empresários
condenados e presos pela Lava Jato.
Poderá encontrar abrigo no estrangeiro – na Bolívia,
Venezuela ou Cuba com toda certeza, escapando assim de cumprir pena em Curitiba
ou em São Paulo. Mas seu discurso de que foi vítima de perseguição no Brasil e
de um golpe que começou com a derrubada da ex-presidente Dilma Rousseff, será
corroído por futuras e prováveis novas condenações.
Sim, mesmo no exílio, Lula continuará sendo processado aqui.
E os que lá fora o recepcionarão com entusiasmo e pena, por fim o abandonarão
ao se convencer que se trata de um preso comum, condenado por crimes comuns
como ocultação de patrimônio, enriquecimento ilícito e coisas assim. Um bandido
comum como tantos outros.
O que leva as pessoas a se tornarem criminosas, salvo em
casos passionais, é a certeza que têm de que escaparão impunes. O que a Lava
Jato, pelo menos em Curitiba, Porto Alegre e Rio de Janeiro está mostrando, é
que ricos e poderosos perderam o privilégio da impunidade. Claro, eles ainda
poderão ser salvos pelo Supremo Tribunal Federal. A ver. (Via: Veja)
Blog: O Povo com a Notícia