Figurando na lista de políticos
mais ricos do país, ministros de Michel Temer ganham ajuda mensal dos cofres
públicos para morar e comer.
Alexandre Baldy (Podemos), titular das Cidades, tem à sua disposição um
apartamento funcional de mais de 200 m², apesar de ser dono de casa em um dos
pontos mais valorizados da capital federal.
Em 2016 o ministro comprou um imóvel no Lago Sul de Brasília por R$ 7,6
milhões.
Mesmo assim, continuou tendo um apartamento da Câmara a seu dispor -Baldy
se licenciou do mandato de deputado em novembro para assumir o novo cargo.
A reportagem visitou o prédio e constatou com funcionários que Baldy é
pouco visto no imóvel público, que seria usado, na verdade, por assessores.
Em resposta, o ministro afirmou, por meio de sua assessoria, que o
funcional vinha sendo usado "com o objetivo de dar suporte às atividades
funcionais que não são realizadas em sua residência para preservar a rotina e
necessidades de seus filhos, esposa e demais familiares".
Baldy afirmou ainda que, apesar disso, não vê mais necedades de uso do
apartamento, "o qual já acredita ter sido entregue para a Câmara". A
Casa informou que o ministro ainda não havia feito a devolução até esta sexta
(02).
Lei federal que trata de ajuda para moradias a ministros veda o
recebimento de benefício por aqueles que têm imóvel próprio na capital federal.
O ministro das Cidades declarou em 2014 ter bens que somavam R$ 4,2
milhões. Ele é casado com uma ex-integrante do bloco de controle da
Hypermarcas.
'COMBATER PRIVILÉGIOS'
Outro ministro milionário que recebeu ajuda pública para morar e comer é o
chefe da equipe econômica e um dos condutores do discurso governista pelo fim
dos privilégios.
Henrique Meirelles (Fazenda) recebeu, desde que virou ministro, em 2016,
R$ 7.337 de auxílio-moradia e R$ 458 de vale-refeição todo mês.
Só quando cresceram as movimentações para lançá-lo à corrida presidencial
o ministro decidiu abrir mão da ajuda para moradia. Desde novembro ele não tem
o auxílio, mas ainda recebe o de alimentação.
A remuneração mensal de Meirelles é de R$ 30.934, o equivalente a mais de
32 salários mínimos.
O ministro declarou publicamente seu patrimônio pela última vez há 15
anos, quando se candidatou a deputado federal. Na ocasião, já acumulava R$ 45
milhões em bens, incluindo uma casa em Nova York.
Ex-presidente mundial do BankBoston, Meireles recebeu em 2015 e 2016 mais
de R$ 200 milhões por consultorias a empresas, entre elas a J&F, dos irmãos
Batista.
No último programa do seu partido, o PSD, o ministro foi à TV dizer que o
Brasil tem um "enorme dívida social" e que é preciso "combater
privilégios e distribuir renda".
Blairo Maggi (Agricultura) também integra a lista de ministros
milionários, já que foi citado em reportagem de 2014 da revista
"Forbes" como segundo político mais rico do país, dono de patrimônio
de US$ 1,2 bilhão.
Empresário do agronegócio, Maggi (PP) declarou em 2014 à Justiça Eleitoral
bens que somam R$ 143 milhões.
Como senador licenciado, ele também tem a seu dispor imóvel funcional em
Brasília.
Os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Helder Barbalho (Integração
Nacional) também recebem auxílio-moradia e vale-refeição. Em suas últimas declarações
de bens, Padilha (2010) e Helder (2014) informaram bens em valores superiores a
R$ 2 milhões.
Dono de bens declarados no valor de R$ 6,5 milhões em 2014, Gilberto
Kassab (Ciência e Tecnologia) recebe, todo mês, R$ 458 de auxílio para
alimentação.
A Folha de S.Paulo mostrou nos últimos dias que integrantes da cúpula do
Judiciário (26 ministros de três tribunais superiores) recebem auxílio-moradia
mesmo tendo imóvel próprio na capital federal.
Os juízes que estão à frente dos processos da Lava Jato no Paraná -Sergio
Moro- e no Rio de Janeiro - Marcelo Bretas- também são beneficiados mesmo tendo
moradia própria na cidade onde trabalham. (Via: Folhapress)
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