Ao enquadrar Lula na Lei da Ficha
Limpa, afastando-o do horário eleitoral e da urna, o Tribunal Superior
Eleitoral expurgou da campanha de 2018 um elemento tóxico: o escárnio. Ao
determinar ao PT que substitua o candidato, a Corte máxima da Justiça Eleitoral
promoveu a higienização da disputa pelo cargo de presidente da República. A
presença de um ficha-suja no rol de candidatos era uma nódoa que ameaçava a
segurança jurídica e política do processo sucessório.
Do ponto de vista jurídico, a decisão rende homenagens ao princípio
segundo o qual todos são iguais perante a lei. Sob a ótica moral, assegurou-se
o direito do eleitorado a uma eleição eticamente sustentável. Sob o ângulo
político, a desobstrução da cabeça da chapa petista favorece Fernando Haddad, o
substituto de Lula. Esta será a campanha mais curta da história: 45 dias. E a
ficção do candidato-presidiário tornava a corrida ainda mais curta para Haddad.
Em sua mais recente pesquisa, o Datafolha constatou: 31% dos eleitores
declararam que certamente votariam num candidato indicado por Lula. Outros 18%
informaram que talvez seguissem a orientação de voto do presidiário.
Confirmando-se esses dados, ainda que parcialmente, Haddad saltaria de
irrisórios 4% para um patamar qualquer acima dos dois dígitos na pesquisa,
aproximando-se do segundo turno.
O PT tem agora a chance de testar o poder de transferência de voto do seu
grande líder. No papel de carregador de postes, Lula já revelou uma força de
estivador. Fez isso duas vezes com Dilma Rousseff em âmbito nacional. Repetiu o
feito com o próprio Haddad, na esfera municipal. Entretanto, não conseguiu
reeleger Haddad prefeito de São Paulo. Hoje, para complicar, é um cabo
eleitoral preso.
No Brasil, imperativos legais e morais nem sempre são observados. Ao
registrar Lula como seu candidato, o PT apostou que conseguiria nadar no charco
da frouxidão institucional até 17 de setembro, quando não seria mais
tecnicamente possível retirar a foto de Lula da urna, mesmo com a impugnação do
registro da candidatura-fantasma. Nessa hipótese, o pedaço menos esclarecido do
eleitorado votaria no presidiário sem saber que estaria elegendo Haddad.
Se permitisse que um único eleitor fosse submetido ao logro petista, o TSE
seria cúmplice do escárnio. Interrompido o escracho, Haddad pode pedir votos de
cara limpa, sem a máscara de Lula. E Manuela D’Ávila (PCdoB) já não precisa
desempenhar o constrangedor papel de vice do vice. Higienizou-se o processo
eleitoral. (Via: Blog do Josias de Souza)
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