Oito
candidatos à Presidência da República participaram do debate promovido nesta
quarta-feira (26) por Folha, UOL e SBT, em São Paulo. A Lupa checou algumas de
suas declarações.
"Levei banda larga para todas as escolas urbanas"
Fernando Haddad (PT)
EXAGERADO Em 2012, ano em que Fernando Haddad deixou o
Ministério da Educação, 59,9 mil instituições de ensino eram atendidas pelo
programa Banda Larga nas Escolas, criado em 2008, durante a gestão dele na
pasta. O número equivalia a 86% — e não à totalidade — das 69,6 mil instituições
de ensino urbanas existentes, segundo o censo escolar de 2010. Procurado,
Haddad não retornou.
"Meu estado, o Ceará, tem a menor mortalidade infantil
do Brasil"
Ciro Gomes (PDT)
FALSO De acordo com o IBGE, em 2016 o Ceará ocupava o 11º
lugar no ranking de mortalidade infantil, com 14,4 mortes a cada 100 mil habitantes.
Dez estados tinham taxas menores: Espírito Santo (8,8), Santa Catarina (9,2),
Paraná (9,3), Rio Grande do Sul (9,6), São Paulo (9,9), Distrito Federal
(10,5), Minas Gerais (10,9), Rio de Janeiro (11,5), Pernambuco (12,7) e Mato
Grosso do Sul (14). Procurado, Ciro não retornou.
"Fomos nós [do governo de SP] que descobrimos [a máfia
da merenda]"
Geraldo Alckmin (PSDB)
FALSO O esquema de corrupção conhecido como Máfia da
Merenda-- de superfaturamento e pagamento de propina em contratos para entrega
de merenda em escolas paulistas-- não foi resultado de investigações comandadas
pelo Governo de São Paulo. O esquema foi descoberto depois que membros da
Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar (Coaf) denunciaram políticos que
recebiam propina para liberar contratos com o Governo do Estado e outras
prefeituras. Foi a partir dessas denúncias que a Polícia Civil e o Ministério
Público deflagraram a Operação Alba Branca, destinada a investigar os
envolvidos. A Lupa já havia checado essa frase de Alckmin. À época, sua
assessoria disse que a Polícia Civil é um órgão do governo e que a Secretaria
de Educação tomou todas as medidas administrativas cabíveis sobre o assunto.
"A maioria dos [partidos] que estão no palanque do
Alckmin estavam no palanque da Dilma"
Marina Silva (Rede)
EXAGERADO Nove partidos fazem parte da coligação que apoia
Geraldo Alckmin em 2018: PSDB, PTB, PP, PR, DEM, Solidariedade, PPS, PRB e PSD.
Desses nove, quatro apoiaram Dilma Rousseff (PT) nas eleições de 2008. Foram
eles: PSD, PP, PR e PRB. Outros quatro partidos-- PSDB, DEM, Solidariedade e
PTB-- apoiaram Aécio Neves (PSDB), e o PPS apoiou a própria Marina Silva.
Procurada, Marina não retornou.
"Eu tenho uma proposta para criar 4 milhões de vagas em
creches"
Alvaro Dias (Podemos)
DE OLHO O programa de governo que Alvaro Dias registrou no
Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não traz a proposta de criar 4 milhões de
vagas em creches. Em agosto, o candidato do Podemos participou de um evento em
Brasília e falou sobre esse projeto, sem entrar em detalhes sobre como isso
seria executado. Procurado, Dias não retornou.
"Dá pra fazer 1,2 milhão de vagas na universidade
pública [com R$ 60 bilhões]"
Guilherme Boulos (PSOL)
SUBESTIMADO Dados do Inep mostram que o investimento público
direto médio por aluno no ensino superior é de R$ 21.874,90, em valores de 2014
(o mais recente disponível). Atualizado, esse valor corresponde a R$ 23.796,87.
Portanto, com R$ 60 bilhões, seria possível criar 2,5 milhões novas vagas nas
universidades. Procurado, Boulos não retornou.
"Eu não faço parte do governo [Temer]"
Henrique Meirelles (MDB)
VERDADEIRO, MAS Henrique Meirelles foi ministro da Fazenda do
governo Temer até abril de 2018, mas só deixou o cargo para entrar na disputa à
Presidência, como candidato do MDB — partido do presidente. Além disso, o
ex-ministro defende um programa de governo totalmente alinhado ao do governo
Michel Temer. Entre as propostas que Meirelles registrou no TSE, está, por
exemplo, a realização da reforma da Previdência nos moldes que o atual governo
não conseguiu aprovar. Meirelles considerou a possibilidade de ser vice em uma
chapa com Temer disputando a reeleição. Procurado, Meirelles não retornou.
"Temos mais de 50 milhões na pobreza, vivendo com R$ 140
por mês"
Cabo Daciolo (Patriota)
FALSO De acordo com o Banco Mundial, em países do porte
econômico do Brasil, são considerados pobres aqueles que vivem com US$ 5,50 por
dia, ou cerca de R$ 600 por mês, não os R$ 140 citados por Daciolo. Pelo
critério adotado nos programas Brasil Sem Miséria e Bolsa Família, que
estabelece como linha de corte R$ 170 mensais, o número de brasileiros abaixo
da linha da pobreza é de 16 milhões, distante dos 50 milhões mencionados pelo
candidato. Procurado, Daciolo não retornou.
Verdadeiro A informação está comprovadamente correta.
Exagerado Está no caminho correto, mas houve exagero. Verdadeiro, mas A
informação está correta, mas o leitor merece mais explicações. De olho Etiqueta
de monitoramento. Falso A informação está comprovadamente incorreta.
Subestimado Os dados são mais graves do que a informação.
Chico Marés , Clara Becker , Leandro Resende , Nathália
Afonso e Plínio Lopes
Blog: O Povo com a Notícia
Via: Folhapress