Desde que a covid-19 se instalou em Pernambuco, em março deste ano, cada região do Estado tem respondido à crise de maneira diferente em razão da natureza dos negócios locais e também das medidas de isolamento aplicadas conforme a necessidade sanitária de cada cidade.
Assim como ocorreu no ápice da
crise, na retomada econômica não tem sido diferente. Entre as indústrias
ouvidas pela Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe), as
situadas no Sertão são as que mais têm sentido reflexo positivo no seu
faturamento após a flexibilização das atividades.
Segundo levantamento da Federação, 85% das empresas sertanejas
registraram elevação do faturamento após a retomada da economia, enquanto que
essa realidade chegou para 75% das empresas do Agreste e para 67% das
localizadas na Região Metropolitana do Recife (RMR) e na Zona da Mata.
“O Sertão foi uma das regiões mais afetadas no começo da pandemia por
conta da paralisação da construção civil, que freou boa parte dos seus pedidos
de gesso vindos do Araripe. Com a retomada, ela passou a ser também uma das
primeiras a responder positivamente e a sinalizar uma confiança maior”,
explicou o economista da Federação, Cézar Andrade. Na média geral entre as
regiões econômicas, o percentual de elevação do faturamento chegou a 70% e vem
animando os empresários locais.
Por outro lado, quando se trata da inovação desenvolvida nos últimos
meses, os negócios do Agreste largaram na frente e apresentaram soluções mais
disruptivas para o momento. Questionadas se novos canais de vendas e de
distribuição foram incorporados nesta fase, 55% das empresas localizadas no
epicentro do polo de confecções disseram ter criado novas formas de vendas
online por meio de aplicativos e redes sociais. Atrás apareceram a RMR e a Zona
da Mata, com 39,10%, e o Sertão, com 25%.
“De fato, o Agreste foi uma das regiões que, logo no início, conseguiu
responder mais rapidamente em virtude da essência dos negócios que ali estão.
Mesmo sentindo os impactos, como todas as empresas no mundo, os empresários
reagiram, adaptaram suas unidades fabris e deram início à confecção de
máscaras, face shields, por exemplo, gerando, assim, outra aposta de mercado”,
relembrou Cézar.
O economista disse ainda que as empresas que não conseguiram avançar
nesse quesito informaram que as novas formas de vendas não foram desenvolvidas
porque o ramo não era compatível com essa realidade. “De certo modo, a forma
como se vende um gesso, por exemplo, é diferente da maneira como se vende uma
máscara, então tudo isso tem um peso e deve ser levado em consideração na hora
de avaliar os motivos das empresas em apostar ou não em inovação”, justificou.
Embora os negócios localizados nos principais setores produtivos estejam
sinalizando uma retomada, isso não quer dizer que as dificuldades financeiras
foram recuperadas em pouco mais de dois meses de flexibilização. É tanto que as
empresas oscilaram pouco quando questionadas se os prazos para a suspensão de
contratos de trabalho deveriam ser prorrogados. Praticamente todas as
indústrias das regiões analisadas concordaram em adiar as medidas, tendo este
tópico variado minimamente entre elas e, na média, alcançado o sinal de verde
de 92,44% das empresas do Estado.
O mesmo cenário se aplica às medidas que amenizariam os efeitos causados
pela covid-19 nas indústrias. A maior parte das empresas (61,85%) informou que
a prorrogação, até o final de 2020, das licenças obrigatórias e das certidões
(ambientais, sanitárias e trabalhistas) ajudariam e muito a atividade produtiva
neste momento.
PESQUISA
A coleta foi realizada entre os dias 3 e 20 de agosto e contou com a participação de 173 empresas dos diversos ramos industriais e de todas as mesorregiões de Pernambuco. A pesquisa está dividida em quatro etapas, com dados Gerais, da RMR e da Zona da Mata, do Agreste e do Sertão. (Via: Jc Online)
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