Por Josias de Souza
Na política, todos são, em grau
menor ou maior, falsos. Essa falsidade vai do ‘bom dia’ que um político dá a
outro que gostaria de ver submetido a uma chuva de canivetes até a hipocrisia
de um elogio dirigido a alguém detestável que a conveniência política se
encarregou de dotar de qualidades extraordinárias. O relacionamento entre Dilma
Rousseff e Michel Temer comprova essa teoria.
Chamado de “fraco” por Dilma, Temer reagiu numa conversa com
o repórter Roberto D’Ávila, exibida na noite desta quarta-feira, na Globonews: “Prefiro
ser fraco do que ser forte, porque os que se dizem fortes destruíram o país.
Então, nesse sentido, eu prefiro a fraqueza à fortaleza. Mas fraco não sou. […]
É que as pessoas confundem educação cívica, educação pessoal, com eventual
fraqueza. Não vou mudar meu jeito. Sempre deu certo assim, vou continuar
assim.” Até bem pouco, com os pés fincados no palanque, o mesmo Temer enaltecia
a força de Dilma no combate à ditadura. Repare no vídeo abaixo.
Dilma
havia espicaçado Temer numa entrevista à
repórter Maria Cristina Fernandes, publicada há seis dias no jornal Valor. “Não adianta toda a mídia falar que ele é
habilidoso. Temer é um cara frágil. Extremamente frágil. Fraco. Medroso.
Completamente medroso. […] É um cara que não enfrenta nada!''. A mesma oradora
apresentava o companheiro de chapa nos comícios como “uma pessoa experiente,
séria, competente e capaz.” Veja na cena abaixo.
Certos
encontros e desencontros da política não têm grande serventia. Até porque a
história e o pragmatismo mostram que os insultos não costumam impedir futuras
alianças. Arrroubos como os de Dilma e Temer servem apenas para reforçar no
imaginário da plateia a convicção de que o teatro da política é mesmo o
território da farsa. Convém não levar a sério os seus protagonistas. Sob pena
de fazer o papel de idiota.
Blog: O Povo com a Notícia