O Planalto elevou o tom nas
negociações sobre a reforma da Previdência. Incomodados com a resistência das
bancadas governistas em avalizar as mudanças, operadores de Michel Temer
afirmam aos aliados que, “sem essa reforma, o governo acaba.” A frase ecoa um
raciocínio exposto em privado pelo próprio Temer. O presidente se refere à
aprovação dos ajustes previdenciários como uma questão de vida ou morte. E o
governo se movimenta como se contasse com uma grande batalha.
O governo assustou-se com as traições que colecionou na
votação do projeto que autoriza o trabalho terceirizado. Ciente de que ainda
não dispões de uma maioria sólida a favor da reforma da Previdência, o Planalto
mobiliza os ministros que representam partidos políticos na Esplanada. Cobra
deles reciprocidade, eufemismo para a contrapartida fisiológica embutida no
modelo de coalizão — outro eufemismo para cooptação. Mapeiam-se as
“insatisfações” das bancadas. Identificam-se as “necessidades” dos
parlamentares. Nas palavras de um ministro que conversou com o blog do Josias de Souza, o governo
“utiliza todas as armas de que dispõe” para obter votos.
Convertida em bunker pró-reforma, a casa oficial da
presidência da Câmara abrirá novamente suas portas para os ministros
partidários na manhã desta quarta-feira (29). A conversa dessa vez será
coletiva, não individual. E contará com a presença da ala técnica da infantaria,
capitaneada pelo ministro Henrique Meirelles (Fazenda) e pelo secretário da
Previdência Social, Marcelo Caetano. A ideia é discutir o mérito da reforma da
Previdência.
Para dar consequência prática à reunião, convidou-se também o
relator da reforma previdenciária na Câmara, deputado Arthur Maia (PPS-BA).
Tenta-se separar os pontos que o governo deseja manter no projeto a ferro e
fogo — a idade mínima de 65 anos e a equiparação entre homens e mulheres, por
exemplo — dos tópicos que o Planalto admite negociar, tais como as regras de
transição e o benefício pago a idosos e portadores de deficiência de baixa
renda, o chamado BPC (Benefício de Prestação Continuada).
Nas conversas desta terça-feira, Rodrigo Maia disse que
pretende votar a reforma da Previdência no plenário da Câmara até o dia 8 de
maio. No final de 2016, ele previa que a votação ocorreria no início de 2017,
logo depois que os parlamentares rerornassem do recesso de final de ano. As
previsões escorregaram para abril. Agora, estão momentaneamente estacionadas em
maio.
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