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domingo, 28 de maio de 2017

Reação de Temer pode aumentar radicalização em protestos, avaliam especialistas


O cenário de caos na Esplanada nos Ministérios em Brasília na última semana pode ser repetir em outras manifestações, na avaliação de especialistas ouvidos pelo HuffPost Brasil.

No maior protesto após a crise política do governo de Michel Temer motivada pela delação da JBS, a polícia militar usou armas letais, ministérios foram incendiados, depredados e pichados e 49 pessoas ficaram feridas.

Após o ato em Brasília na última quarta-feira (24), Temer editou um decreto permitindo a atuação das Forças Armadas no Distrito Federal até 31 de maio. A medida foi revogada após repercussão negativa. Para o cientista político Rudá Ricci, a reação do governo federal pode agravar o cenário no País. Ele está ameaçando radicalizar o País. Não está medindo o que está acontecendo. Está absolutamente frágil, com popularidade próximo de zero e mobilizações nas ruas contra reformas. Em vez de criar algum tipo de acordo, ele acelera as reformas e coloca o Exército na rua.

Um dia antes do protesto, o PSDB, que continua ao lado do peemedebista, avançou com a reforma trabalhista no Senado, dias após o relator da proposta, senador, Ricardo Ferraço (PSDB-ES) afirmar que era preciso uma pausa na tramitação devido à crise política. O texto pode ser votado na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) da Casa na próxima terça-feira (30).

As mudanças na lei trabalhista foram, junto com a reforma da Previdência, motivo para a greve geral em 28 de abril.

Temer é investigado no Supremo Tribunal Federal (STF) por obstrução à Justiça, corrupção passiva e organização criminosa no âmbito da Operação Lava Jato. Desde a divulgação da delação, o presidente tem afirmado que não irá renunciar ao cargo.

Intolerância: Na avaliação do professor de Gestão de Políticas Públicas da Universidade de São Paulo (USP), Pablo Ortellado, é preciso esperar para saber a reação da população, de modo geral, à violência nas manifestações.

"Os protestos podem ser lidos como gestos extremos que colocam os manifestantes como isolados do sentimento público geral. Mas não me estranharia se uma parcela da população visse os atos (de depredação) com uma certa condescendência", afirmou.

Ele ressalta que as bandeiras dos manifestantes - contra a corrupção no governo Temer e as reformas econômicas - encontram eco na sociedade, o que não acontecia nos primeiros protestos contra o peemedebista. "As circunstâncias são de tal gravidade que pode ser que essa manifestação mais contundente como nesta quarta-feira casem um pouco com o que esperamos da opinião pública", afirmou.

Para Ortellano, as sucessivas denúncias de corrupção e a demora na recuperação econômica estão gerando um sentimento de insatisfação que "está chegando num limite" provocado por uma percepção de um "governo sem legitimidade que está empurrando medidas muito duras".

Adesão: A manifestação em Brasília contou com 150 mil participantes segundo organizadores e 45 mil, de acordo com a Secretaria de Segurança do Distrito Federal. O ato foi organizado por movimentos sociais de esquerda, como a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a União Nacional dos Estudantes (UNE).

Na avaliação de Ricci, essas entidades conseguiram se articular novamente na mobilização contra o governo, após o PT deixar o poder. Ele acredita que brasileiros não-vinculados a esses movimentos podem ir às ruas, se a pressão contra Temer se mantiver.

"Muitas pesquisas são conclusivas de que a população brasileira não gosta de manifestações. A grande maioria é a favor da ordem pública e não gosta de uma ação mais radical, mas ao mesmo tempo, muitas pesquisas mostram que não há mais tolerância com o Temer e com o PSDB. Hoje, ser aliado de Temer é ser impopular", afirma o especialista.

Outro fator que contribui para o cenário é a reprovação do governo de Michel Temer. De acordo com pesquisa CNI/Ibope divulgada em 31 de março, 55% dos entrevistados consideravam a gestão ruim ou péssima. Em dezembro eram 46%.

A desaprovação da maneira de governar subiu de 64% para 73% e a confiança no presidente caiu de 23% para 17% na mesma base de comparação. (Via: MSN)

Blog: O Povo com a Notícia