Não se briga com números. O secretário de Defesa Social, Alessandro Carvalho, sabe disso e admitiu ontem que houve um “aumento considerável” (expressão literal) na quantidade de homicídios – 29% – entre os Carnavais de 2014 e 2015. As 83 pessoas assassinadas durante os quatro dias representam a folia mais violenta no Estado desde 2010, quando ocorreram 91 mortes.
O Carnaval passou, mas a peleja de Carvalho segue no sentido de reverter uma tendência de crescimento que vem desde novembro do ano passado, e que pode levar o mês de fevereiro a terminar com mais de 400 homicídios. Para isso, ele já mudou comandos das polícias e remanejou homens para atuar nas áreas com maior incidência de mortes violentas. Os resultados ainda não foram sentidos.
Como diz a cantora, a vida do secretário não está sendo fácil. Mesmo no tom sempre polido e educado que lhe é peculiar, ele afirmou que é cobrado pelo governador Paulo Câmara e que replica a cobrança para as corporações. É do jogo, principalmente quando as coisas não vão bem, como agora. Mas o problema é saber até quando as cobranças em cascata vão continuar até que os homens e mulheres da ponta, aqueles que não podem cobrar de ninguém, tragam resultados melhores para os chefes.
Carvalho avisou que não se estanca uma tendência negativa de uma hora para outra. Ou como disse literalmente, “não há como fechar a torneira” bruscamente. Mas o fato é que o governo vai entrar no terceiro mês do ano ainda acossado pelo fantasma da violência endêmica, em níveis jamais planejados pela gestão. E com aquele velho conceito de “sensação de segurança”, tão bem trabalhado na gestão Eduardo Campos, correndo o risco de ser varrido do mapa. Por Felipe Vieira/Na coluna JC nas ruas do Jornal do Commercio desta sexta-feira (20).
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