Foi preciso uma equipe de
jornalistas mineiros para mostrar a verdadeira realidade em que se encontra o
Parque Eólico de Casa Nova, no norte da Bahia. As torres, que deveriam aliviar
a pressão por geração de energia no Rio São Francisco, custaram uma fortuna e
nunca acenderam uma lâmpada. Viraram um “enfeite” monumental na paisagem,
segundo reportagem do jornal ‘Estado de Minas’.
O investimento até
então foi de R$ 240 milhões e o valor do contrato, de R$ 635,4 milhões, mas,
devido a uma série de erros, atrasos em cumprimento de licenças e à falência de
empresas que deveriam construir a planta para a Companhia de Hidro Eletricidade
do São Francisco (Chesf), nenhum funcionário trabalha mais na estrutura. Os
equipamentos, que seriam usados para implantar as torres, geradores, linhas de
alta tensão e estações ficaram abandonados.
A grande ironia é
que o Parque Eólico de Casa Nova foi instalado próximo ao Lago de Sobradinho.
Este, para manter funcionando as turbinas, que têm potência instalada de 1.050
megawatts, chegou a baixar ao nível útil em 17,8% neste ano. Atualmente, opera com
média de 22% da capacidade. A seca é tanta que as águas do lago recuaram mais
de cinco quilômetros, afastando-se das torres de geração que ficavam
praticamente à beira da represa. Do outro lado do espelho d’água, é possível
ver outro parque eólico, o de Sobradinho, onde as hélices giram e produzem
energia elétrica.
Os parques de
Sobradinho e Casa Nova, em conjunto com o de Sento Sé, constituem um dos
maiores complexos de geração de energia eólica do Brasil, que deveria contar
com 120 torres e gerar até 180 megawatts, o que daria para atender a uma cidade
com 600 mil habitantes – maior que Juiz de Fora, na Zona da Mata mineira, que
tem 550 mil, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Irregularidades: O jornal mineiro
destaca, ainda, que a implantação do Parque Eólico de Casa Nova registrou
irregularidades desde o início. Até mesmo a habilitação da Companhia de Hidro
Eletricidade do São Francisco (Chesf) no processo licitatório e leilão do
lote de geração de energia eólica foi contestada na Justiça.
De acordo com o
diretor de Operações da Chesf, Mozart Arnaud, o que ocorreu na implantação do
Parque Eólico de Casa Nova não poderia ter sido previsto pela companhia, que
está tomando todas as providências para sanar os problemas e iniciar a produção
elétrica. (Foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)
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