Por: Ricardo Noblat
Admitir, ela não pode. Mas Dilma sente apertar o cerco em torno dela. De um lado, Lula. Do outro, a Operação Lava Jato, que investiga a roubalheira na Petrobras.
Por que não digo de um lado Lula e do outro o juiz Sérgio Moro?
Simples. A Polícia Federal investiga. O Ministério Público também. Moro prende e depois solta àqueles sujeitos à sua jurisdição.
Manda os outros que gozam de fórum privilegiado para o Supremo Tribunal Federal (STF). Que confere vistas ao Procurador Geral da República. Que se pronuncia a respeito.
Então cabe ao STF abrir inquérito ou não.
Assim, não se pode responsabilizar unicamente Moro pelo perigo que bate à porta de Dilma. É risível dizer que ele está a serviço do PSDB. E que avança por aqui a construção de um Estado policial.
A maioria dos ministros do STF foi nomeada por Lula e Dilma. Os mensaleiros foram condenados por eles.
É do presidente da República a indicação do Procurador Geral da República. Ao ministro da Justiça subordina-se a Polícia Federal.
De resto, foi Lula que nomeou os diretores da Petrobras envolvidos com corrupção. A um deles chamava de “Paulinho”. Tão eficiente quanto "o nosso Delúbio". Ou "Palocci, meu irmão".
Como se pode falar em Estado policial contra o PT enquanto o PT por meio do governo controlar de alguma forma o aparelho do Estado? Piada! E sem graça. Ou desespero.
São os desacertos do PT, de Lula e de Dilma que explicam o que eles sofrem no momento. E é o oportunismo descarado de Lula que explica também o sufoco a Dilma.
De olho na sucessão dela em 2018, Lula empurra Dilma para uma encruzilhada: ou ela escolhe o caminho da resignação às vontades dele ou o caminho que a levará a perder o poder antes do tempo, pelo bem ou pelo mal.
A essa altura, derrubar Dilma, a teimosa, a criatura ameaçada pelo criador, interessa mais a Lula do que à oposição.
O que de pior poderá acontecer a Lula é chegar à próxima eleição presidencial amarrado a um governo impopular que carrega sua impressão digital. Será derrota na certa. Ele nem se arriscará.
Blog: O Povo com a Notícia