Policial exemplar e que acumula
160 elogios em 28 anos de profissão. É assim que a Polícia Militar de
Pernambuco descreve o 3º sargento Miguel Furtado de Souza, de 47 anos. Ele é o
autor do disparo que matou o estudante Marcelo Laureano Gomes Filho, de 16 anos,
na noite da última terça-feira, no município de Escada, Zona da Mata Sul do
Estado. O jovem foi alvejado na nuca após ter se negado a parar em uma
abordagem realizada por policiais da Companhia Independente de Operações e
Sobrevivência na Caatinga (Ciosac), por volta de 22h20, e morreu no local. O
crime chocou a população de Escada. O sargento foi afastado do trabalho nas
ruas e cumprirá expediente na sede da Ciosac, no município de Custódia, no
Sertão do Estado, até que sejam concluídas as investigações sobre o caso.
Ainda segundo a Polícia
Militar, o comportamento do sargento Miguel é tido como exemplar desde 1993.
Residente em Serra Talhada, o militar tem toda a carreira baseada no Sertão.
Foi agente de inteligência em operações que resultaram em prisões de membros
das famílias Benvindo e Araquan, que viviam em conflito na região em meados dos
anos 1990. “Ele tem oito anos apenas na Ciosac, uma unidade especializada e
onde ele sempre enfrenta situações de alta complexidade”, afirma o Major Júlio
Aragão, chefe da assessoria.
O advogado Eduardo Morais, que
representa o PM, afirma que o cliente está à disposição da Polícia Civil para
auxiliar nas investigações. “Como pai de família, ele está muito abalado com o
que aconteceu. Estamos solidários com a dor da família do rapaz e não
pretendemos justificar nada. Mas acontece que o cenário na hora do acidente
remetia a uma situação extremamente arriscada”, afirma.
Eram 22h20 quando a
caminhonete dirigida por Marcelo foi alvejada por um tiro de fuzil, que atravessou
o vidro da porta traseira esquerda e atingiu a nuca do rapaz. A Rua Comendador
José Pereira, onde aconteceu a abordagem, tem duas agências bancárias, e a
equipe da Ciosac estava em missão oficial no local, que previa o patrulhamento
para a redução de homicídios e repressão a roubos a bancos. “Antes do acidente,
nos últimos 30 dias de presença da Ciosac em Escada não foram registrados
homicídios no município”, afirma o Major Júlio.
Segundo ele, existe um
protocolo adotado pela Polícia Militar em situações de abordagem a pessoas e a
veículos, mas apenas as investigações da Polícia Civil podem determinar o que
aconteceu. “A intenção é sempre evitar o disparo de arma de fogo, que é o
último recurso”.
Durante o dia de ontem,
peritos do Instituto de Criminalística (IC) estiveram em Escada para fazer
medições na cena do crime. À tarde foi a vez da caminhonete do pai de Marcelo,
e que o garoto dirigia quando foi alvejado, ser periciada, já no Recife.
“Fizemos análise de todos os vestígios encontrados no veículo, e esperamos já
no início da próxima semana realizar o exame balístico na arma do militar”,
explica o perito Fernando Benevides, sem adiantar o prazo para a conclusão de
todas as perícias. (Via: NE 10)
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