Em nota divulgada neste sábado, Fernando Henrique
Cardoso explicou o teor de entrevista concedida à revista alemã Capital. Nessa
conversa, ele atribuíra a Lula a responsabilidade política pela corrupção na
Petrobras. Mas soara contrário à prisão do rival petista. Ao se explicar, FHC
disse que não costuma falar mal de políticos brasileiros quando se dirige ao
estrangeiro. E deixou claro que não exclui a hipótese de Lula ser preso. “Se o
merecer, quem dirá será a Justiça e é de lamentar, porque terá jogado fora (coisa
que vem fazendo aos poucos) sua história.”
A
entrevista à revista alemã circulou neste sábado. Mas em notícia reproduzida na
véspera pelo UOL, a
agência de notícias alemã Deutsche
Welle havia antecipado alguns
trechos. Perguntou-se a FHC se acha que Lula está envolvido na roubalheira da
Petrobras.
E ele: “Não sei em que medida. Politicamente responsável ele é com
certeza. Os escândalos começaram no governo dele.'' Sobre a prisão de Lula,
foram realçadas duas frases:
1.
“Para colocá-lo atrás das grades, é necessário haver algo muito concreto.
Talvez ele tenha que depor como testemunha. Isso já seria suficientemente
desmoralizante.''
2.
“Isso dividiria o país. Lula é um líder popular. Não se deve quebrar esse
símbolo, mesmo que isso fosse vantajoso para o meu próprio partido. É
necessário sempre ter em mente o futuro do país.''
As
declarações de FHC renderam-lhe críticas nas redes sociais. Houve incômodo
também no PSDB. Daí a nota divulgada neste sábado. Nela, FHC insinua que suas
declarações estão defesadas: “A entrevista foi dada há algum tempo, não me
recordo os termos que usei.” E alega que seu estilo é diferente do de Lula e do
PT: “Ao falar ao estrangeiro cuido sempre de não ser agressivo com políticos
brasileiros.
Por outro lado, não falo, ao
estilo lulopetista, desconhecendo o
passado e negando fatos.”
“Lula,
gostemos ou não dele e de suas
políticas, foi o primeiro líder operário
a chegar à Presidência, o que tem inegável peso simbólico”, anotou FHC, antes
de tratar do tema que motivou a divulgação da nota: “Por que haveria eu de
dizer ao exterior que merece cadeia? Se o merecer, quem dirá será a Justiça e é
de lamentar, porque terá jogado fora (coisa que vem fazendo aos poucos) sua
história.”
Noutra
referência ao estilo agressivo de Lula, FHC escreveu: “Não se constrói o futuro
com amargor, nem desmerecendo feitos.
Tampouco poderá ele se erigir tapando
o sol com a peneira. Mas nas democracias não é o interesse de pessoas ou de
partidos quem dá a palavra final. É a Justiça. Podemos até torcer para que ela
atue. Mas o bom senso de cada líder deverá conter seus naturais impulsos por
‘justiça já’, ou a qualquer preço, em favor da moderação e do respeito às
regras do jogo. O fato dos adversários não se comportarem assim não deve nos
levar a que nos igualemos com eles.”
Na
entrevista à revista alemã, FHC fizera comentários também sobre Dilma. Indagado
se acredita no envolvimento dela com corrupção, dissera: “Não, não diretamente.
Mas o partido dela, sim, claro. O tesoureiro está na cadeia.'' Acrescentara:
“Eu a considero uma pessoa honrada, e eu não tenho nenhuma consideração por
ódio na política, também não pelo ódio dentro do meu partido, [ódio] que se
volta agora contra o PT.'' Sobre esses trechos, FHC não fez nenhum reparo em
sua nota de esclarecimento.
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