Ao revogar a ordem de
prisão de Guido Mantega, Sérgio Moro deixou o petismo sem assunto. Desde cedo,
o PT e seus devotos jogam pedras na Lava Jato por ter prendido o ex-ministro no
hospital, privando-o de acompanhar uma cirurgia da mulher gravemente adoentada.
Ao reacomodar Mantega na beirada da cama de sua companheira, Moro convida o PT
a falar sério.
Em vez de tocar trombone embaixo
do seu imenso telhado de vidro, o PT terá de arranjar meia dúzia de desculpas
para o fato de o ex-ministro da Fazenda de Lula e Dilma ter sido pilhado no
papel de cupido das boas relações do partido com o empresariado provedor de
verbas sujas. O PT continua com o trombone. Mas talvez lhe falte sopro para a
nova fase do espetáculo, inaugurada por Moro.
Em seu despacho revogatório, o
juiz da Lava Jato anotou que ele, a Procuradoria e a Polícia Federal
desconheciam que ''o ex-ministro acompanhava o cônjuge acometido de doença
grave em cirurgia.” Esclareceu ter sido informado pela Polícia Federal de que a
prisão foi praticada “com toda a discrição, sem ingresso interno no hospital.''
E revogou a ordem, sem prejuízo da busca já realizada no apartamento de Mantega
e de providências posteriores.
Rui Falcão, presidente do PT,
qualificara a prisão de Mantega de ''uma desumanidade inaceitável.” O companheiro
dissera estar “revoltado” com os métodos da Lava Jato, realçando o ''estilo de
arbitrariedade e violação de direito''. Coisa ''insuportável''. Num instante em
que o PT mirava sua canela, Moro informou que prefere o jogo de xadrez ao
futebol de várzea.
O magistrado sinalizou, de resto,
que está dois ou três lances à frente dos seus detratores. Ao despir-se do
figurino de monstro que o PT tenta lhe impor, Moro transforma Mantega em
candidato a delator. Um delator especial, que pode acomodar a Lava Jato
definitivamente no colo de Dilma Rousseff. (Por: Josias de Souza)
Blog: O Povo com a Notícia
Por: Josias de Souza