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domingo, 13 de novembro de 2016

Entidades resistem a projeto do Tribunal de Justiça de Pernambuco


A Federação das Indústrias e Pernambuco (Fiepe), a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-PE), o setor da construção civil, o mercado imobiliário e deputados estaduais estão se unindo para pressionar o tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) a mudar o projeto que altera a cobrança das custas processuais, taxas cobradas pela execução de serviços judiciais. As receitas representam 13% do orçamento da Justiça Estadual. O grupo vê as mudanças como uma forma de o Judiciário aumentar a arrecadação diante do crescimento mínimo do duodécimo.

O anteprojeto apresentado pela Corte prevê que o percentual cobrado nas custas e taxas podem chegar a 4% do valor da causa (hoje é 2,8%) e a cobrança por atos que eram gratuitos, como publicações no Diário Oficial. Para a OAB, que lidera a resistência ao projeto, às mudanças podem dificultar o acesso à Justiça.

"Isso vai ter um custo muito alto. Vai pesar na produção e tirar a competitividade da indústria", afirma Ricardo Essinger, presidente da Fiepe, que promete mobilizar deputados estaduais a modificar a proposta. "As custas deixaram de ser uma complementação para ser um tributo", diz.

O setor imobiliário é um dos que mais podem sofrer os efeitos. "Para registrar um imóvel de R$ 500 mil, você gasta R$ 4,6 mil. Com a nova lei, vai passar a gastar R$ 6,6 mil. Vai aumentar 42%. Para fazer a escritura do mesmo imóvel, você gasta R$ 6 mil. Vai passar a gastar R$ 7,3 mil. Um aumento de 22%. Repare a esbórnia que é com dinheiro privado, que é gerador de empregos", reage Carlos Tinoco, presidente da Ademi-PE.

Para o vice-presidente do Sinduscon-PE, José Antônio Simon, no cenário atual de crise, qualquer aumento precisa ser muito bem discutido. "Recai sobre a população. Qualquer cidadão que quiser exercer o seu direito em juízo vai ter um aumento nas suas taxas."

No meio político também há forte resistência. O líder da oposição, Silvio Costa Filho (PRB), já adiantou que se o texto tiver o formato atual ele vai trabalhar contra a aprovação. Um requerimento que pede uma audiência pública sobre o texto exaltou os ânimos na Assembleia no último dia 10. O líder do governo, Waldemar Borges (PSB), diz acreditar num consenso entre TJPE e OAB. Deputados garantem que o presidente do tribunal, o desembargador Leopoldo Raposo, tem se mostrado sensível a uma revisão do projeto.

"Em vez de a gente procurar prestar o serviço com mais qualidade, a gente vai inviabilizar o acesso à Justiça por conta de uma questão financeira", argumenta o deputado Rodrigo Novaes (PSD). Para o deputado, o projeto não poderá tramitar em regime de urgência, já que há o pedido de audiência pública assinado por ele e por Priscila Krause (DEM). O TJPE precisa aprovar o texto até o fim do ano, para que ele já possa valer em 2017. "Se vier como está publicado o anteprojeto, a Casa não aceita", garante Rodrigo. (Via: PE Notícias)

Blog: O Povo com a Notícia