Por O Globo - Ilimar Franco
A verdade não importa. Nem a tentativa de
separar o joio do trigo. Muito menos tentar diferenciar propina de caixa 2. Nas Redes Sociais, ser citado,
ser investigado, ser denunciado, ser réu ou ser condenado são sinônimos. No
mundo virtual, tudo é crime. Todos são corruptos. Uma frase vai ser
multiplicada: "Você viu, fulano está na Lava-Jato".
As denúncias do ex-diretor da Odebrecht
atingiram o presidente da República, governadores, senadores, deputados e
políticos. Uns com foro privilegiado, outros não. Mas quase todos terão de
enfrentar o percurso investigado-denunciado-réu. E, nessa jornada, serão alvo
de bombardeio nas redes sociais. Todos os dias são milhões de mensagens voando
e navegando.
Os alertas de quem nem tudo, que por lá circula,
é verdadeiro têm efeito desconhecido. Mas a frequência da circulação desse tipo
de informação, indica que a advertência não é levada a sério. O que vale é
atacar a política. Todos são iguais. O que vale é combater partidos,
parlamentares e governantes adversários. Nem a inocência deve livrá-los dessa
cruz.
A revelação publicada na imprensa deve
aprofundar a crise política por, pelo menos, mais uma dezena de anos. O
mensalão demorou seis anos para ser julgado. O petrolão deve se arrastar alguns
anos devido ao foro privilegiado. E, a valsa da Odebrecht, e de outras que
virão, não tem epílogo previsível. A crise política iniciada em 2014 será
duradoura.
Tudo isso vem associado a uma crise econômica
internacional e a uma crise fiscal no Brasil. A União, estados e municípios estão
em situação falimentar. E são poucos ou nenhum nome na política com
credibilidade para deter ou interromper essa trajetória. O governo enviou ao
Congresso uma PEC de reforma da previdência e diz que vai enviar a da reforma
trabalhista.
É nesse ambiente de contestação, e de
questionamento da credibilidade dos agentes públicos e políticos, que esse
debate será feito. Nem o STF está a salvo dessa ira, que vem sendo santificada
ora por um lado ora por outro da nossa política de cada dia. Mesmo assim, não devemos
adotar o tom dos alarmistas de sempre, a de que o mundo vai acabar.
Certamente, o velho está morrendo e o novo vem
por aí. Nesse novo mundo, também haverão forças opostas. Elas vão lutar pelo
poder político. Estas vão carregar vários vícios de agora. Por isso, não há
nada que garanta a perenidade ao novo "imediato". O mundo, por sua
evolução natural e o progresso da ciência, muda. Na política, sempre haverá um
novo recomeço.
Blog: O Povo com a Notícia