Detentor dos mais recônditos segredos
capazes de abalar a República, o procurador-geral Rodrigo Janot carrega um
semblante que, de tão sereno e tranquilo, contrasta com o da esmagadora maioria
dos políticos. Na última quinta-feira 9, enquanto o meio político aguardava em
estado de tensão e pânico a bombástica lista de pedidos de inquéritos com base
nas 77 delações da Odebrecht, Janot almoçava sushi em um restaurante de
Brasília, com o terno pendurado na cadeira. Tratava-se de uma pausa em meio ao
ritmo frenético de trabalho. Desde o carnaval, Janot e sua equipe se debruçam
incansavelmente sobre as petições que serão apresentadas ao STF possivelmente
nesta segunda-feira 13 – uma data sugestiva – e revelarão indícios veementes de
pagamentos de propina para mais de uma centena de políticos, incluindo a
cúpula do governo, petistas de altíssimo calibre, como os ex-presidentes Lula e
Dilma Rousseff, e lideranças de PMDB e PSDB.
O documento está em
fase final de ajustes. Na expectativa de um volume colossal de depoimentos, o
STF recomendou aos veículos de comunicação que entregassem, cada um, na última
semana, dois HDs de 1 terabyte cada, para que sejam armazenados os pedidos de
inquéritos e as delações. O gesto importante e de transparência é a prova
inequívoca de que a corte está de prontidão à espera do que se convencionou
chamar de começo do fim do mundo. Qual seja, o momento em que a Lava Jato
alcança definitiva e incontestavelmente à classe política, sem distinção
partidária. Por isso, Brasília sai do seu eixo habitual e estremece.
Blog: O Povo com a Notícia