A Polícia Federal revelou em
Recife nesta quinta-feira (09) que os registros telefônicos de suspeitos na
Operação Torrentes foram quebrados durante as investigações das supostas
fraudes em contratos para atender vítimas das enchentes na Mata Sul de
Pernambuco em 2010. Segundo a PF, esse passo levou a uma ligação com o PSB,
partido do governador Paulo Câmara e do seu antecessor, Eduardo Campos.
De acordo com a polícia, chamou a atenção dos investigadores que, na véspera
da eleição de 2014, quando Paulo Câmara venceu o pleito ainda no primeiro
turno, houve um saque de R$ 2 milhões da conta bancária de uma
das empresas investigadas, a FJW Empresarial LTDA. A retirada do
dinheiro foi feita, segundo a PF, por Heverton Soares da Silva, preso
nesta quinta-feira na operação no Recife.
Horas depois, os registros
telefônicos feitos pela PF apontaram que a localização dele estava a 200 metros
da casa de outro preso hoje na Torrentes, o coronel da Polícia Militar
Roberto Gomes de Melo Filho, que teve prisão temporária decretada. Segundo a PF,
o celular do oficial da PM apontou depois que ele foi para a sede do PSB na
capital pernambucana. Hoje, o oficial é gerente geral de Esportes e Lazer do
governo Paulo Câmara.
A Polícia Federal enfatizou, porém, que isso não quer dizer que o dinheiro
tenha ido para o PM ou o partido.
Em 2010, quando teria havido as supostas irregularidades nos contratos, o
coronel Roberto Gomes era coordenador administrativo da Secretaria da Casa
Militar de Pernambuco, foco da operação.
O dono da empresa da qual o
dinheiro foi sacado, Ricardo José de Padilha Carício, e a mulher dele
também foram presos na Torrentes, nesta quinta-feira. A FJW apareceu em duas
das 15 licitações investigadas pela Controladoria Geral da União (CGU) e pela
Polícia Federal, mas a PF afirma que as supostas irregularidades aconteciam
também em outros contratos fora do âmbito da operação.
A FJW
foi alvo também da Operação Mata Norte, há dois meses, quando Padilha já havia
sido preso. Ele ficou duas semanas no Centro de Observação e
Triagem Professor Everardo Luna (Cotel) e foi solto no dia 11 de outubro. Para
a PF, a empresa usava o mesmo modus operandi para diversos contratos.
De acordo com a Polícia Federal, chamou atenção dos investigadores ainda
que, logo após a deflagração da Operação Mata Norte, o ex-secretário
da Casa Militar Mário Cavalcanti reuniu os PMs da sua antiga equipe.
O coronel Roberto Gomes Filho era um deles.
Mário Cavalcanti foi alvo de mandado de condução coercitiva e, após ser
ouvido pela PF nesta quinta-feira, foi liberado. Homem de confiança do
governador Paulo Câmara, foi nomeado interventor da cidade de Gravatá, no
Agreste do Estado. (Via: Blog do Jamildo)
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