As redes sociais devem ajudar a
dar uma cara nova à propaganda nas eleições de 2018. De olho na oportunidade de
se tornarem mais conhecidos entre os eleitores, candidatos deixam de lado
santinhos, cartazes e panfletos e, agora, apostam em seguidores, likes e
compartilhamentos.
Para coordenador do Laboratório de Estudos sobre Imagem e Cibercultura da
Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Fábio Malini, apesar de ocupar o
4º lugar no ranking das redes sociais mais utilizadas no Brasil, atrás do
Facebook, Whatsapp e YouTube, o Instagram deve ser a grande aposta dessas
eleições no Brasil.
“Existe uma curva de crescimento dessa ferramenta. É um veículo não
contaminado por links, portanto muito difícil de colar notícia falsa. É claro
que essa característica não exime o Instagram de conteúdos falsos ou
distorcidos”, explicou.
Malini também aponta como uma vantagem o fato de o Instagram ser
reconhecidamente uma plataforma alegre e com pouca toxidade. “Isso bem
trabalhado politicamente faz com que o candidato tenha uma outra perspectiva de
mostrar muito mais relações afetivas positivas”, avaliou.
Outra vantagem do Instagram, segundo o professor, é que nessa rede
predominam os conteúdos originais, que têm mais credibilidade, enquanto no
Facebook e no Whatsapp são mais compartilhamentos.
Captação
de votos
Quando o assunto é atração de votos, o professor diz que a televisão, cada
vez mais conectada às redes sociais, ainda tem um papel muito importante, já
que só ela é capaz de falar para milhões de pessoas ao mesmo tempo.
“Juntas, as duas plataformas são capazes de criar clima de opinião”,
explica.
De acordo com o especialista, o que conta para o eleitor não é o debate,
que tem perdido cada vez mais audiência, mas a repercussão nas redes sociais.
Atualmente, o Twitter domina as repercussões do que aparece na TV. Também é
importante a exposição do candidato em programas fora do horário gratuito e a
repercussão dessas inserções nas redes sociais.
Impulsionamento
As eleições de 2018 serão as primeiras a permitir que candidatos paguem
para publicar propaganda na sua timeline.
Chamado de impulsionamento, a compra de anúncios em plataformas como o
Facebook, Instagram, YouTube e o Twitter foi autorizada pelo Tribunal Superior
Eleitoral (TSE) e dá aos candidatos a chance de alcançar um número muito maior
de usuários do que aqueles que já acompanham suas páginas e veem seus posts.
Os partidos não informam quanto pretendem investir nessa modalidade este
ano, mas é certo que a palavra “patrocinado”, acompanhando mensagens políticas
e pedidos de voto, vai invadir as redes sociais, a partir de 16 de agosto.
Fábio Malini acredita que a formalização de campanhas na internet pode
trazer também como consequência a diminuição do uso de robôs e de perfis falsos
para amplificar informações nas redes sociais.
Estudo
Levantamento da Diretoria de Análise de Políticas Públicas da Fundação
Getulio Vargas (DAPP/FGV) com 5.415.492 tuítes avaliados entre 22 de junho e 23
de julho mostrou a ação de robôs na pré-campanha presidencial.
De acordo com o trabalho, as interações motivadas pela ação de perfis automatizados,
nesse período, corresponderam a 22,17% dos tuítes de perfis ligados ao campo da
esquerda e que compõem tradicionalmente a base do ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva; 21,96% relacionados ao campo conservador e alinhados ao deputado
Jair Bolsonaro; 16,18% ligados ao campo de centro (não alinhados a nenhum dos
“polos” tradicionais); e 3,99% ligados ao grupo de centro-esquerda (sem
predomínio de nenhum ator político em particular). (Via: Agência Brasil)
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