Até o início de junho, não era
difícil apostar em quem seria o maior craque da Copa do Mundo: Messi, Cristiano
Ronaldo e Neymar despontavam. Quando o torneio começou, apareceram Hazard
gastando a bola pela Bélgica e Harry Kane como artilheiro do Mundial pela
Inglaterra. Todos ficaram pelo caminho.
A final entre França e Croácia neste domingo (15), às 12h, em Moscou, fará
mais do que coroar o novo campeão. Determinará o melhor do torneio, que poderá
até ganhar ares de favorito para o prêmio de melhor do ano da Fifa.
Os candidatos a craque das duas seleções finalistas refletem o que as suas
equipes foram durante o torneio.
A França tinha uma base e chegou com ar de favorita. Descansada e sem
jogar nenhuma prorrogação até agora, o time tem em Griezmann o seu ponto de
apoio. Não pelos gols, como seria de se esperar. Um dos mais valorizados
atacantes do futebol mundial, fez três na Copa. Mas chama a atenção por recuar
para atuar como meia e ajudar na recuperação de bolas.
“Poucos jogadores fazem isso. Ele tem prazer em fazê-lo. É um sacrifício,
mas ele faz com prazer. É muito decisivo, anota gols, marca, corre, dá passes
decisivos. É o Grizou que amamos”, se rasgou em elogios o meio-campista e
colega de seleção Pogba.
Grizou é um apelido que lembra o de Zinedine Zidane, o Zizou, maior craque
francês de sua geração, campeão em 1998 e vice em 2006.
Griezmann foi eleito o terceiro melhor jogador do mundo em 2016, quando a
França foi vice-campeã da Eurocopa.
Com gols e assistências, o camisa 7 foi peça-chave nos três últimos jogos
da França. “Comecei timidamente a competição. Este é o tipo de jogo [partidas
decisivas] que adoro. É o jogo que eleva o nível da pessoa. Estou com plena
confiança”, disse Griezmann.
“Esta é uma oportunidade de ganhar a Copa. Não me importo com a Bola de
Ouro”, completou, citando o prêmio de melhor do mundo.
É o mesmo raciocínio de Modric, o camisa 10 croata, elogiado pelos
analistas até aqui. Estar na briga para ser o melhor da Copa é uma surpresa
quase tão grande quanto a sua seleção chegar à final.
Acostumado a carregar o piano para outros brilharem no Real Madrid (ESP),
na Croácia ele é o astro. Um craque exausto como a sua seleção, que atravessou
as oitavas, quartas e semifinal sempre passando pela prorrogação e em todas as
vezes saindo em desvantagem no placar. “Estão todos exaustos, não sei quem
poderá jogar”, afirmou o técnico Zlatko Dalic.
Modric é quem mais tempo esteve em campo pela sua seleção: 604 minutos.
Foi escalado até mesmo na última rodada da fase de grupos, contra a Islândia,
partida em que a Croácia atuou classificada.
“Repeti várias vezes que estou focado apenas no sucesso da Croácia. Mas
não me preocupo com isso. Quero que meu time ganhe a Copa. O resto está fora do
meu controle. Estou feliz”, disse o meia croata na véspera da decisão.
A vitória de Modric seria o triunfo de uma eficiência que não costuma ser
lembrada pela Fifa. Mas se a Croácia for campeã, protagonizando um dos mais
improváveis títulos da história do futebol, quem poderá dizer que ele não
merece?
“Modric vem guiando o time, guiando o jogo. É um jogador muito decisivo em
aspectos técnicos, alguém que pode mudar uma partida, alguém que está dando
fisicamente o que precisa. É um dos jogadores que é capaz de vencer o prêmio de
melhor jogador”, disse o ex-atacante holandês Marco van Basten, membro da Fifa que
ajudará na escolha do melhor jogador.
Fazem parte também da equipe de analistas os treinadores Carlos Alberto
Parreira, Bora Milutinovic, Andy Roxburgh e o ex-jogador nigeriano Emmanuel
Amunike.
“Eu concordo que, sendo realista antes da Copa, era normal falar de Messi,
Ronaldo e Neymar. Mas durante a Copa [eles] foram para casa, estão na praia.
Outros jogadores ficaram, especialmente Luka Modric. Ele é o homem do torneio”,
concordou Dalic.
Se Modric é o astro absoluto, Griezmann tem em sua própria equipe um
figurante que corre por fora para ganhar o prêmio de melhor jogador do Mundial:
o jovem Kylian Mbappé, eleito o melhor em campo em duas das seis partidas
disputadas pela França até agora na competição.
Autor de três gols no torneio, ele é nome praticamente certo na eleição de
melhor jovem do Mundial — prêmio oferecido para jogadores nascidos após 1º de
janeiro de 1997.
Já ao prêmio principal, outros candidatos fortes são Eden Hazard, 27, da
Bélgica, e Harry Kane, 24, da Inglaterra. O meia-atacante, que atua pelo
Chelsea (ING), é o principal jogador da seleção belga. Na vitória diante do
Brasil, ele acertou os dez dribles que tentou. Já na derrota para a França,
criou as melhores jogadas belgas na partida.
Kane, que pertence ao Tottenhan (ING), foi o principal jogador inglês na
campanha. Ele é o artilheiro do Mundial com seis gols.
A lista dos dez finalistas ao prêmio do The Best será anunciada no dia 23,
uma semana após o Mundial. Não há garantia, porém, que o eleito será de uma das
finalistas. Em 2010, o Uruguai foi derrotado pela França na semifinal, mas a
Fifa escolheu o atacante Diego Forlán como principal nome. Mesmo um atleta
derrotado na decisão pode ser eleito, como aconteceu com Lionel Messi, em 2014,
e com o alemão Oliver Kahn, em 2002.
O fato é que a Copa do Mundo de 2018 chega à final ainda à procura do seu
craque.
Blog: O Povo com a Notícia
Via: Folhapress