O empresário Léo Pinheiro, da OAS, declarou
nesta sexta-feira (09), à juíza Gabriela Hardt que o ex-presidente Lula se
comportava como o proprietário do sítio de Atibaia e como real beneficiário das
obras que a empreiteira realizou no imóvel localizado no interior de São Paulo.
Léo Pinheiro detonou Lula em longo relato na ação penal em que o petista é réu
por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Segundo
o empresário, foi Lula quem o chamou para conversarem sobre as obras do sítio,
mas nunca o ex-presidente teria demonstrado preocupação em saber detalhes dos
valores empenhados. Ele estima que a empreiteira desembolsou entre R$ 350 mil e
R$ 450 mil nas obras de melhorias da área – apenas a cozinha ficou em R$ 170
mil.
Léo
Pinheiro também é acusado nesta ação do sítio. Preso na Superintendência da
Polícia Federal em Curitiba, ele está colaborando com as investigações.
Nesta
sexta, 9, o empresário respondeu todas as perguntas da juíza Gabriela Hardt,
sucessora de Sérgio Moro na condução dos processos criminais da Operação Lava
Jato no Paraná.
No
fim do depoimento, a defesa fez três perguntas a Léo Pinheiro. Na primeira, a
advogada do ex-presidente da OAS quis saber. “Em algum momento, o ex-presidente
Lula te questionou acerca de valores dessas obras realizadas no sítio, em algum
momento ele perguntou como deveria ser ressarcidas essas despesas gastas?”
“Não,
nunca”, respondeu o executivo.
“As
atitudes que o ex-presidente Lula tomou frente ao sítio, me refiro às obras
especificamente que a OAS fez no sítio, deixaram dúvida ao sr de que ele era o
real proprietário do sítio?”, perguntou a defesa.
“Nenhuma
dúvida”, afirmou Léo Pinheiro.
“Deixaram
dúvida de que ele seria o real beneficiário dessas obras?”, questionou o
advogado.
“Nenhuma
dúvida”, disse o ex-presidente da OAS.
O que disse Léo Pinheiro à Gabriela Hardt?
O
executivo relatou à juíza que, em fevereiro de 2014, foi ‘convocado pelo
ex-presidente Lula para um encontro no Instituto Lula’. No local, contou, o
petista ‘explicou que queria fazer uma reforma, não era uma reforma grande, num
sítio em Atibaia’.
“Era
numa sala e numa cozinha e também tinha problema num lago que estava dando
infiltração, se eu podia mandar alguém, uma equipe para dar uma olhada. Eu
disse: ‘presidente, eu gostaria de ir pessoalmente, o Sr. marca o dia que eu
vou estar presente’. Ele marcou no sábado seguinte”, disse.
Léo
Pinheiro narrou que foi ao sítio com Paulo Gordilho, então diretor da OAS
Empreendimentos, porque o dirigente ‘já tinha conhecimento dos serviços que nós
vínhamos fazendo no triplex do Guarujá’.
“Eu
preferi que Paulo também continuasse para que essa coisa não ficasse muito
divulgada dentro da organização. Eu fui com Paulo num dia de sábado, o
presidente combinou comigo de eu ficar aguardando após o pedágio da Fernão
Dias, que eu não sabia onde ficava, era difícil de chegar”, afirmou.
“Isso
ocorreu, eu fiquei esperando. Fui seguindo o carro dele, estivemos no sítio.
Ele e a Dona Marisa me mostraram, a mim e a Paulo, os serviços que eles
gostariam de fazer na sala e atingiria a cozinha, porque tinha uma parede que
tinha que desmanchar. Nós dissemos: ‘presidente, deixa a gente fazer um projeto
e mostrar ao sr’. Fomos ver o lago que estava tendo uma infiltração. Demoramos
um pouco para tentar entender como é que estava acontecendo aquilo. Eu disse:
‘olha, o lago, a gente vai ter que esvaziar’.”
De
acordo com o ex-presidente da OAS, Lula marcou um novo encontro em sua casa, em
São Bernardo do Campo, também em um sábado, cerca de ‘2 ou 3 semanas depois’.
“Estava
ele e dona Marisa. Eu fui com Paulo e mostramos a ele como é que seria a
reforma da sede do sítio”, disse.
“O
presidente combinou comigo o seguinte: ‘olha, tudo bem, pode iniciar o serviço.
Eu só lhe pediria, Léo, que não, que as pessoas não se apresentassem na cidade
de Atibaia, questão de sigilo, que as pessoas não tivessem uniforme, essas
coisas, da OAS, que não tivesse nenhuma identificação.”
O
ex-presidente da empreiteira relatou que combinou com Paulo Gordilho ‘que, se
possível, trouxesse pessoas que não fossem de São Paulo’.
“Vieram
de Salvador pessoas da confiança dele para que pudesse fazer. Essas pessoas
foram um encarregado, se não me falha a memória, três ou quatro operários. Ele
determinou que qualquer coisa se conversasse com o caseiro, acho que é Maradona
o nome, que teria lugar para essas pessoas dormirem. E assim foi feito. Isso
foi feito durante o mês de março até talvez julho ou agosto de 2014”, contou.
Gabriel
Hardt quis saber se o empresário Fernando Bittar, em nome de quem a propriedade
está formalmente registrada, estava na primeira visita ao sítio. Léo Pinheiro
disse que se ‘recorda bem’ de Fábio, um dos filhos de Lula.
“E eu
acho que me apresentaram o Fernando, eu não tenho certeza, mas me parece que
sim”, respondeu. “Eu só conversei com o presidente (sobre a reforma). Ela
estava presente nas duas vezes que eu tive contato com os dois.”
Segundo
Léo Pinheiro, o ex-presidente o orientou que não fizesse ‘nada em nome da OAS’. “Não
pode ser feito nada em nome da OAS. As compras eram feitas na cidade de Atibaia
pelo encarregado que estava lá. Ele recebia um dinheiro que a empresa
disponibilizava para ele. Ele fazia as compras, ao que me consta, parece até em
nome dele, porque era recibo, não era nota fiscal”, disse. Com informações do
Estado de S.Paulo.
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